Grupo de países concorda em promover uma transição económica sensível ao género
Um grupo de 60 países concordou esta segunda-feira, na Cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), apoiar o empoderamento económico das mulheres e a parceria para garantir uma transição energética sensível às questões de género.
Esta foi a principal decisão da reunião climática do dia, que teve a igualdade de género como tema central, juntamente com as finanças, onde os ministros e altos funcionários participaram num diálogo para abordar a situação das mulheres no contexto da implementação dos Acordos de Paris.
A parceria inclui um conjunto de compromissos a serem implementados pelos países signatários nos próximos três anos, antes da COP28, onde o pacto será revisto.
De acordo com a presidência da COP28 em comunicado, este pacto inclui um pacote de compromissos e ações sobre questões de informação e documentação, financiamento e igualdade de oportunidades face à crise climática.
Melhores dados para apoiar a tomada de decisões no planeamento da transição energética, fluxos financeiros mais eficazes para as regiões mais afetadas pelas alterações climáticas e educação e formação para ajudar a adaptação individual na transição energética são alguns desses compromissos.
O acordo baseia-se no facto de que, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 1,2 mil milhões de empregos, quase 40% da força de trabalho mundial, estão em risco devido ao aquecimento global e à degradação ambiental, sendo que as mulheres serão as mais gravemente afetadas por esta crise, dada a sua elevada representação em setores particularmente sensíveis às alterações climáticas.
Os signatários concordaram em assegurar o empoderamento económico das mulheres e garantir que os seus meios de subsistência sejam protegidos durante a transição para uma economia sustentável e com baixas emissões de carbono.
A reunião foi liderada pela defensora climática da ONU, Razan Al Mubarak, que sublinhou que "as alterações climáticas não são neutras em termos de género, têm um impacto desproporcional nas mulheres e nas raparigas".
"A crise climática aumenta as desigualdades de género existentes e constitui uma ameaça séria para os meios de subsistência, o bem-estar e a saúde das mulheres", afirmou Al Mubarak.
"Para conseguirmos uma transição justa, temos de reformar a estrutura do sistema financeiro mundial e garantir que os fluxos financeiros cheguem às regiões e às pessoas que mais precisam, mas também temos de investir no empoderamento das mulheres para garantir que ninguém seja deixado para trás", acrescentou a defensora do clima.
A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, afirmou, em resposta a este acordo, que "os direitos das mulheres devem estar no centro da ação climática, incluindo aqui na COP28".
"Temos de garantir que as mulheres estejam à mesa onde as decisões são tomadas e reforçar a inclusão para que as vozes das feministas, dos jovens, dos indígenas e de outros movimentos sociais possam ser ouvidas em alto e bom som, do local ao global", acrescentou Bahous.
A maioria dos países signatários são europeus e americanos, incluindo a Espanha, a Alemanha, o Reino Unido, Uruguai, Peru, Venezuela e México.