Um acontecimento a não perder
Os mapas-guia da arquitectura moderna e modernista da Região passarão a constituir um instrumento indispensável
Por iniciativa da GENUS, Associação de Defesa do Património da Madeira, terá lugar no próximo dia 12 de Dezembro, pelas 18h00, no espaço da Residência Artística do Ilhéu de Câmara de Lobos, um acontecimento a não perder: o lançamento dos mapas-guia da arquitectura moderna e modernista da Região. Sob a direcção de Tomás Freitas e com design de Pedro Sousa, este notável trabalho de investigação resulta – há que sublinhá-lo – do persistente labor dos arquitectos Pedro Gonçalves e Amanda Conduto, dois representantes de uma nova geração de arquitectos que tem dedicado muito do seu tempo à investigação e divulgação do nosso património.
Os mapas são constituídos por quatro desdobráveis que assinalam de forma sintética e visualmente bastante eficaz – em papel e em formato digital através de QR codes – a localização e autoria de inúmeras obras de arquitectura. A investigação cobre um intervalo temporal que se estende da década de 30 à década de 70 do século passado, abrangendo a arquitectura consensualmente designada pela historiografia portuguesa como modernista e moderna. O facto de alguns dos exemplares das décadas de 30 e 40 apresentarem um vincado pendor historicista – conhecido na gíria como “estilo português suave” – que os afasta da gramática modernista, levou os autores a acrescentar ao título, e bem, a expressão “entre outras”.
O resultado deste levantamento é surpreendente: pela primeira vez temos noção da riqueza, variedade e qualidade do que, nesses cinquenta anos do século XX, se construiu na Madeira. Fica identificada não só a obra de arquitectos consagrados – Edmundo Tavares, Chorão Ramalho, Januário Godinho, Rui Goes Ferreira, Marcelo Costa – como também a de alguns dos injustamente esquecidos – Luís da Conceição Teixeira, Adolfo Brazão Vieira ou Fernando Ribeiro Pereira – para citar apenas alguns. Muito haveria ainda a dizer sobre os restantes, alguns deles representados apenas por uma obra ou pela intervenção de teor urbanístico, como é o caso de Rafael Botelho.
De uma coisa podemos estar certos: os mapas-guia da arquitectura moderna e modernista da Região passarão a constituir um instrumento indispensável para todos aqueles que se interessam pelo passado recente da arquitectura insular. Ou, melhor: para todos aqueles que se interessam pelo destino de um legado que o vesgo camartelo do “progresso” já começou a demolir... Se nada lhe sobreviver, ficará pelo menos registada, para memória futura, a existência de um património que, a seu tempo, enriqueceu as cidades e paisagens da Madeira.