Justiça alemã abre investigação contra suspeito de ataque com faca em Paris
A Procuradoria Federal alemã declarou hoje que abriu uma investigação sobre o ataque em Paris, onde um turista com dupla nacionalidade, alemã e filipina, foi alegadamente morto por um francês radicalizado e com distúrbios psiquiátricos.
"Abrimos uma investigação", disse à agência de notícias AFP um porta-voz do Ministério Público Federal alemão, com sede em Karlsruhe (sudoeste) e especializado em casos de terrorismo, confirmando as informações publicadas pelo semanário alemão Der Spiegel.
A investigação alemã, justificada pela nacionalidade alemã da vítima, decorrerá em paralelo com a investigação francesa, que será confiada à procuradoria nacional antiterrorismo.
No domingo, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que ficou "perturbado com o ataque terrorista em Paris, que matou um alemão e feriu várias pessoas".
Armand Rajabpour-Miyandoab, um franco-iraniano de 26 anos, foi detido após o ataque que causou a morte de um jovem turista com nacionalidade alemã e filipina e feriu outras duas pessoas na noite de sábado, perto da ponte Bir-Hakeim, em Paris, poucos meses antes dos Jogos Olímpicos de verão na capital francesa -- que acontecem entre 26 de julho e 11 de agosto.
Hoje, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, admitiu que houve uma falha "óbvia" no acompanhamento psiquiátrico do alegado autor do ataque.
"Houve claramente uma falha psiquiátrica, os médicos consideraram em diversas ocasiões que [o suspeito] estava melhor", disse Gérald Darmanin ao canal BFMTV.
Rajabpour-Miyandoab já tinha sido condenado por radicalização islâmica e sujeito a uma ordem de tratamento que envolveu um rigoroso acompanhamento psiquiátrico.
O procurador antiterrorista de França, Jean-François Ricard, afirmou no domingo que Armand Rajabpour-Miyandoab jurou obediência ao grupo Estado Islâmico (EI) num vídeo que fez antes do ataque.
Ricard explicou que o jovem se converteu ao Islão em 2015, sublinhando ainda que a mãe de Rajabpour-Miyandoab, uma exilada política iraniana, tinha manifestado às autoridades em outubro preocupação com a atitude do filho.
O procurador confirmou ainda que o suspeito, nascido em Neuilly-sur-Seine, nos arredores de Paris, teve no passado contacto através das redes sociais com o indivíduo que viria a matar em 2020 o professor Samuel Paty, o checheno Abdullakh Anzorov, abatido pela polícia depois de decapitar o docente.
Rajabpour-Miyandoab, que cumpriu quatro anos de prisão por planear um atentado em 2016 no bairro de negócios de La Defense, em Paris, beneficiou de "acompanhamento médico" até abril de 2023 devido a problemas mentais, acrescentou Ricard.
A partir de então, passou a ser vigiado pelos serviços secretos franceses devido ao seu perfil ligado ao radicalismo islâmico.