Que 2024 seja para sempre!
Temos sempre aquela secreta esperança que com o recomeço tudo o que temos de mau se desvaneça ou se transforme em algo melhor
Mais um ano que passou e outro que se inicia. Temos sempre aquela secreta esperança que com o recomeço tudo o que temos de mau se desvaneça ou se transforme em algo melhor. Mas na realidade é só um marco no calendário, todos sabemos disso. Ainda assim é bom que existam momentos que nos deem esperanças, que nos reforcem as energias e nos façam acreditar que pode ser diferente mesmo sabendo que se não formos nós a fazer por isso, nada acontece. Infelizmente o novo ano nunca poderá ser bom para todos. Para uns ganharem outros terão forçosamente de perder, pelos que nascem, haverá sempre quem morra e para que os atinjam certas metas, outros ficarão aquém. É a lei da vida, é o funcionamento da sociedade e a ordem natural das coisas.
O que não deve nunca terminar são os nossos sonhos e se para isso a passagem do novo ano pode contribuir, pois que assim seja e que o festejemos com redobrado entusiasmo. Há certas coisas no entanto que não podem fazer sentido e com as quais nos devemos questionar. Nomeadamente as guerras que de repente parece que voltaram a assumir papel principal no mundo e o que elas trazem atrás. A morte, a fome, o desespero, a angustia e a insegurança. Mas não são só as guerras. Há muita coisa errada por aí. Não sou a favor da distribuição igual de riqueza, acredito que quem trabalha mais merece ganhar mais. Mas não me faz sentido existir quem tenha biliões e depois ver a fome que ainda grassa por África e não só. Nem me faz sentido ver crianças a sofrer, sem absolutamente nada mas acima de tudo sem uma coisa que não se compra com dinheiro. Amor. Atenção. Dedicação. Carinho.
Num mundo cada vez mais global temos que ser cada vez mais sensíveis aos outros e não vejo isso a acontecer. No nosso país, na cidade onde moramos, no próprio bairro ou até mesmo no grupo de amigos e família. Estamos tão obcecados connosco que nos esquecemos dos outros. Por vezes só nos lembramos para destilar ódio nas redes sociais ou para criticar e achincalhar em surdina, sem sabermos do que falamos, das razões ou dos factos. Pouco importa quando é para falar mal. Temos sempre muito mais dificuldade em elogiar, em ajudar, em apoiar sem nada em troca. Às vezes por inveja outras por desinteresse. Comunicamos pouco, somos pouco profundos e raramente paramos para pensar ou refletir. Não nos permitimos a falhar e a reconhecer os erros muito menos e para muitos pedir desculpa continua a ser um desafio de proporções épicas. Não devia ser assim. Num tempo em que se fala tanto de robots e de inteligência artificial somos cada vez menos humanos, com pouco espaço para sentimentos e para emoções.
Neste novo ano gostava que as pessoas sentissem mais prazer em dar prazer aos outros. Sentissem-se mais preenchidos e enriquecidos em dedicar o seu tempo aos que mais gostam delas e que mais precisam do seu aconchego. Que tentássemos ser sensíveis aos gostos e interesses dos que pensam diferente de nós. Gostava também que parassem de me tentar impor conceitos e ideias com os quais não concordo e que permitíssemos ser o que cada um quiser ser, à sua maneira sem que as escolhas de uns tenham que interferir nas dos outros. O caminho mágico para a felicidade faz-se de muitas e diferentes formas, não somos todos iguais nem acredito que tenhamos nascido para isso. Mas o amor tem que estar presente em cada uma delas. É isso que vos desejo, a todos os que me leem, concordando mais ou menos com o que habitualmente escrevo. Mais amor, mais diálogo e mais momentos que nos façam recordar (pelos melhores motivos) 2024 para sempre!