Exército expande operações terrestres para o sul da Faixa de Gaza
O chefe do Estado-Maior do Exército israelita, tenente-general Herzi Halevi, indicou hoje que as suas forças estão a expandir as operações para o sul da Faixa de Gaza, zona onde as tropas terrestres não tinham até agora entrado.
"Lutámos dura e exaustivamente no norte da Faixa e agora estamos a fazê-lo no sul", declarou Halevi, depois de nas últimas horas ter sido ordenada a evacuação de vários bairros da cidade de Khan Yunis, no sul, de onde muitos habitantes de Gaza estão agora a deslocar-se para a cidade de Rafah.
Nas últimas horas, surgiram nas redes sociais informações e imagens não verificadas mostrando tanques israelitas envolvidos em combates no sul de Gaza e no norte de Khan Yunis.
Na sua conferência de imprensa diária, o porta-voz do Exército israelita, o contra-almirante Daniel Hagari, confirmou que o Exército está a estender a sua ofensiva terrestre a "todas as áreas da Faixa" de Gaza.
Desde o fim da trégua humanitária de uma semana, na sexta-feira, o Exército israelita intensificou os bombardeamentos às zonas centro e sul do enclave, áreas onde se espera que as tropas terrestres concentrem as suas operações nos próximos dias, depois de terem tomado o controlo da maior parte da área norte do enclave, incluindo a cidade de Gaza, no âmbito da ofensiva terrestre iniciada a 27 de outubro.
"No norte, desmantelámos duas brigadas do [movimento islamita palestiniano] Hamas", indicou, acrescentando que forças israelitas como a 162.ª Divisão "ainda estão a atuar no interior" dessa zona.
"Ontem (sábado) e hoje, eliminámos muitos comandantes de brigadas, comandantes de companhias e muitos operacionais [no norte], e ontem (sábado) de manhã iniciámos o mesmo processo no sul", referiu Halevi.
Acrescentou ainda que esta ofensiva será tão forte como a do norte, e que "os comandantes do Hamas se confrontarão com o Exército israelita em todo o lado".
De acordo com analistas e comunicação social, as operações israelitas no sul da Faixa de Gaza deverão ser mais precisas e delimitadas, em parte devido à grande presença de população civil palestiniana deslocada do norte.
O porta-voz do Exército israelita em língua árabe, Avichay Adraee, pediu hoje aos residentes de seis bairros de Khan Yunis para os abandonarem e se dirigirem para outras zonas do enclave.
"Caros residentes da Faixa de Gaza, as Forças de Defesa de Israel retomaram as suas ações vigorosas contra o Hamas e outras organizações terroristas na Faixa de Gaza. Informamos-vos amavelmente do que se seguirá para preservar a vossa segurança e proteção", escreveu Adraee na rede social X (antigo Twitter), numa mensagem acompanhada de uma lista de bairros e de um mapa indicando para onde devem ir os habitantes de cada zona.
O ex-dirigente da Mossad Yossi Cohen confirmou hoje que a ação militar na zona sul da Faixa de Gaza será mais difícil devido à elevada concentração de civis, cuja retirada "será muito mais complicada".
"Isso não nos dá muita margem de manobra", afirmou Cohen numa entrevista ao Canal 12 israelita de notícias.
Nos últimos dias, após nova visita a Israel, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, quis saber mais pormenores sobre os planos militares de Israel no sul de Gaza e pediu ao país para proteger ao máximo a vida dos civis nesta fase da guerra.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo mais de 1.200 mortos, na maioria civis, 5.000 feridos e cerca de 240 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 58.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 15.200 mortos, na maioria civis, e mais de 40.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, confirmado pela ONU, e cerca de 1,7 milhões de deslocados, também segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano pobre numa grave crise humanitária.
Segundo as autoridades do Hamas, só nas últimas 24 horas, os bombardeamentos israelitas fizeram mais 700 mortos naquele território palestiniano.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, 248 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas ou em ataques perpetrados por colonos.