Começou ontem o Advento da Igreja Católica. Saiba o que é.
O Advento é, para a igreja católica, o período que antecede o Natal, instaurado como uma época de preparação que serve para reflexão e purificação para uma data tão importante para os católicos. Algumas das tradições acabaram por ser assimiladas no quotidiano e inspiraram rituais mais pagãos, como os calendários do advento hoje tão vendidos em lojas e supermercados. Ontem começou o Advento para a Igreja Católica.
Mas quando falamos de advento, a que rituais nos referimos?
Quando estamos a falar de Advento, por norma, referimo-nos a este tempo de preparação que congrega quatro domingos. Este período começa nas vésperas do Domingo mais próximo do dia 30 de Novembro, em que se celebra a festa de Santo André Apóstolo, e vai até às vésperas do Natal, nomeadamente o dia 24 de Dezembro.
São esses quatro domingos que acabam por estar representados na Coroa do Advento, outra das tradições desta época natalícia.
A Coroa do Advento deve a sua origem aos missionários católicos que, há largas dezenas de anos, evangelizaram o norte da Europa. Os povos dessas zonas tinham por hábito acender velas, na altura de Inverno, que serviam como um apelo ao astro-rei para que voltasse a aquecer essas terras. Com base nessa premissa, os missionários criaram a Coroa do Advento, composta por um círculo de ramos de árvores e por quatro velas.
O círculo que compõe a coroa não tem princípio nem fim, pelo que representa a eternidade e o verde é a cor da esperança. Está assim dado o mote para o simbolismo desta peça. Ao acender cada uma das velas, uma a cada semana, os católicos querem simbolizar uma caminhada de luz rumo ao Natal.
Qual a origem do Advento?
De acordo com o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, a origem do Advento não é conhecida, mas sabe-se que em 480 já se celebrava. “De acordo com São Gregório de Tours, a celebração do Advento começou no século V quando São Perpétuo, na altura bispo de Tours, ordenou que, começando no Dia de São Martinho (11 de Novembro) e até ao Natal, os cristãos deveriam jejuar três vezes por semana”, refere.
Até ao Concílio Vaticano II, a prática do Advento em muito se assemelhava à da Quaresma, principalmente no que concerne ao jejum que, entretanto, deixou de ser prática comum, pois o Advento passou a ser mais encarado como uma época de esperança para a vinda de Cristo.
Uma curiosidade está na própria palavra: Advento. Deriva do latim Adventus, que significa “chegada”, “vinda”.
Inovações na tradição do Advento
Mais recentemente, novas tradições têm vindo a surgir em torno do Advento. Os calendários são uma delas. Por norma, tratam-se de caixas que contêm 'janelas' que correspondem desde o dia 1 ao 24 de Dezembro. Dentro de cada uma dessas 'janelas' esconde-se um chocolate, um brinquedo ou qualquer outra surpresa. No fundo, trata-se de uma versão 'pagã' desta caminhada rumo ao nascimento de Jesus.
Mensagem do Bispo do Funchal evoca 8 séculos do presépio
Corria o ano de 1223 quando S. Francisco de Assis quis recordar a sua passagem pela Terra Santa, inspirado pela paisagem da pequena cidade italiana de Greccio. Por isso, tal como recorda D. Nuno Brás, pediu que o ajudassem a representar o nascimento de Jesus numa gruta próxima da cidade por forma a "ver com os olhos do corpo como Jesus foi colocado numa manjedoura, no feno, entre a vaca e o burro". Foi dessa forma que o presépio passou a fazer parte do Natal.
Na sua mensagem do Advento, emitida no passado dia 30 de Novembro, o Bispo do Funchal afirma que o presépio é mais que uma tradição. "O Papa Francisco diz que ele é «Um sinal admirável» que anuncia o mistério do Deus connosco", salienta.
No meio de tantas guerras desumanas, vamos reunir a família junto do Presépio, e rezar, pedindo para o mundo o dom da paz e da vida cristã. D. Nuno Brás, Bispo do Funchal
Por isso, na renúncia do Advento, outra das tradições, o dinheiro recolhido será entregue à Cáritas de Marrocos, país que "sofreu um terrível terramoto que destruiu tantos lares".
O que é a renúncia do Advento?
A renúncia do Advento, no fundo, trata-se de um contributo solidário dos católicos locais. Representa o despreendimento e a preocupação para com os demais, sendo uma forma de apoiar os mais desfavorecidos. Se este ano o dinheiro recolhido pelas paróquias da Diocese do Funchal será Cáritas de Marrocos, no ano passado destinou-se à reconstrução do Santuário do Terreiro da Luta, tal como no ano anterior.
No ano de 2020, o valor recolhido foi para o Mosteiro da Caldeira e para o Mosteiro do Lombo dos Aguiares, onde religiosas passam o dia a rezar pelo mundo inteiro.