NATO "vigilante" após míssil russo entrar na Polónia
As forças armadas polacas informaram que um objecto não identificado entrou esta manhã no espaço aéreo do país, na direcção da Ucrânia
Mais de 15 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas numa série de ataques lançados, hoje, pela Rússia contra várias cidades da Ucrânia
O secretário-geral da NATO, Jens Soltenberg, assegurou hoje que a Aliança Atlântica vai "continuar vigilante", depois de Polónia informar que "tudo indica" que um míssil russo atravessou parte do seu território esta manhã.
"Conversei com o Presidente [polaco] Andrzej Duda sobre o incidente com um míssil na Polónia. A Aliança do Tratado do Atlântico Norte [NATO] está solidária com este nosso valioso aliado, está a monitorizar a situação e vamos continuar em contacto enquanto os factos são apurados. A NATO vai continuar vigilante", escreveu Jens Stoltenberg na rede social X (antigo Twitter).
As forças armadas da Polónia informaram que um objecto não identificado entrou esta manhã no espaço aéreo do país, na direcção da Ucrânia, desaparecendo depois dos radares, e que ter-se-á tratado de um míssil russo.
"Tudo indica que um míssil russo entrou no espaço aéreo da Polónia. Foi monitorizado por nós através de radares e deixou o espaço aéreo. Temos confirmação disso nos radares e de aliados" na NATO, disse o chefe das forças armadas da Polónia, general Wieslaw Kukula.
As forças armadas polacas adiantaram que o objecto penetrou cerca de 40 quilómetros no seu espaço aéreo e o deixou ao fim de menos de três minutos.
Tanto o seu radar como o radar da NATO confirmaram que a trajetória do objeto no espaço aéreo polaco, adiantou a mesma fonte.
Kukula disse ainda que estão a ser tomadas medidas para verificar essas conclusões e eliminar a possibilidade de um erro técnico.
Até ser identificada a origem, a queda do míssil na aldeia polaca fez temer que a NATO fosse arrastada para o conflito, dado que a Polónia está protegida pelo compromisso de defesa coletiva da Aliança Atlântica.
"O objeto chegou da fronteira com a Ucrânia", disse anteriormente o porta-voz do Comando Operacional das Forças Armadas, coronel Jacek Goryszewski, ao canal polaco TVN24.
"Houve um intenso bombardeamento do território ucraniano na noite passada, pelo que este incidente pode muito bem estar relacionado com isso", acrescentou, citado pela agência francesa AFP.
A violação do espaço aéreo ocorreu perto da cidade fronteiriça de Zamosc, no leste do país.
O comando operacional afirmou num comunicado que o "objeto não identificado" foi seguido por radar "desde o momento em que atravessou a fronteira até ao ponto em que o sinal desapareceu".
O incidente ocorreu durante a manhã e as forças polacas ativarem "todas as forças e recursos" disponíveis, segundo o comunicado.
O coronel Goryszewski disse que estavam a ser efetuadas buscas no local onde o sinal de rádio se perdeu.
Em novembro de 2022, um míssil ucraniano caiu sobre a aldeia polaca de Przewodow, a cerca de seis quilómetros da fronteira com a Ucrânia, matando dois civis.
A explosão ocorreu numa altura em que a Rússia estava a realizar ataques maciços contra infraestruturas civis ucranianas em todo o país.
Também na rede social X, o alto-representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, revelou que conversou com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, sobre o "ataque bárbaro" da madrugada de hoje, que matou pelo menos 16 pessoas e feriu dezenas.
Insistindo que "a luta contra a tirania" de Moscovo é partilhada entre os 27 e a Ucrânia, Borrell assegurou o que durante a manhã a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já tinha dito: o bloco comunitário vai continuar ao lado da Ucrânia enquanto houver necessidade.
As Forças Armadas leais ao Kremlin lançaram na madrugada de hoje um dos maiores ataques do ano com drones (aeronaves sem tripulação) contra Kiev, capital do país, e outras cidades como Kharkiv.
Mais de 15 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, de acordo com as autoridades ucranianas.
A Aliança Atlântica divulgou também hoje, em comunicado, que desde em 2023 intercetou aeronaves russas cerca de 300 vezes, principalmente no Mar Báltico, reconhecendo, contudo, que estas ocorrências "são raras e de curta duração".