Madeira “é uma mina para o turismo desportivo”?
Patrícia Mamona, atleta portuguesa de triplo salto, disse esta manhã, que a Madeira "é uma mina para o turismo desportivo”. Será que é?
Primeiramente vamos ao dicionário de língua portuguesa: o que é uma mina? Eis a resposta: “Fonte de riqueza. Negócio lucrativo. Preciosidade. Tesouro oculto”.
Esta tarde o DIÁRIO chegou à fala com diferentes agentes desportivos e todos foram unânimes em evidenciar o potencial e sobretudo as características [clima, segurança, hotelaria] já existentes - e que a atleta portuguesa elogiou - que colocam a Região num patamar elevado, todavia o número de modalidades para conseguir capitalizar rendimentos, dignos de uma verdadeira "mina", é muito circunscrito e demasiado longe de rendimentos de outros destinos, como o Algarve.
A natação e o atletismo são dois exemplos que podem ser incluídos num pacote cuja rentabilidade tem expressão, ainda que faltem estudos que atestem com rigor o volume de receitas.
“Ontem, na São Silvestre, marcaram presença 30 nacionalidades, um número que ultrapassou os 250 participantes”, sublinha Egídio Olim, presidente da Associação de Atletismo da Madeira que não tem documentos sobre impactos de retorno de provas realizadas.
Lembra que, “no passado, quando o Estádio dos Barreiros disponha de uma pista de atletismo, chegaram a vir selecções da Suécia e de outras partes do Norte da Europa. Lembro-me bem disso”.
Visitando as redes sociais do Centro Desportivo são poucas as notícias sobre estágios e os que há são todos ligados ao atletismo. Em 2014, há registo da selecção feminina helvética ter feito alguns treinos no estádio principal
O trail é outra modalidade que traz muitos atletas à Região, “muitos dos quais, chegam a vir dias de antecedência para preparar a competição que vão participar. Outros chegam à Região de forma anónima. São ganhos para a nossa economia”, comunga o dirigente, não tendo nenhuma dúvida que é à conta das modalidades ligadas ao atletismo que mais contribuem para o maior volume de receitas para a Madeira.
Na natação, em Agosto deste ano, 23 selecções juniores estiveram em prova no complexo de Piscinas Olímpicas do Funchal. Tratou-se de uma prova da Liga Europeia de Natação (LEN), organizada pela Federação Portuguesa de Natação (FPN), em parceria com a Associação de Natação da Madeira (ANM).
“Organizar coisas na Madeira é fácil, porque realmente os apoios que temos de todas as entidades, do pessoal da piscina e da associação é muito bom, portanto torna tudo muito mais fácil”, disse Bárbara Oliveira, do comité organizador na ocasião.
Visitando o site da Associação é possível verificar que o Centro de Estágio na Madeira é um projecto pioneiro levado a cabo numa parceria com a agência de viagens “MBTours”. De resto, com intuito de promover e ajudar as equipas interessadas em fazer estágios na Madeira, a Associação de Natação da Madeira elaborou três pacotes de viagens.
E as modalidades colectivas? Será que a Madeira tem sido capaz de atrair equipas para preparar a sua condição física para eventos de alta competição?
Chamado à conversa, Rui Mâncio, catedrático, antigo treinador do União e Nacional, recorda que o Bayer Leverkusen chegou a fazer estágio na Madeira na década de 90: “Depois deixou de vir. Porquê? Porque não havia campos. E continuam a não existir”, assegura, lembrando as condicionantes que os diferentes pisos oferecem aos futebolistas.
No futebol não é apenas a falta de campos que não atrai as equipas, “é também ao nível de serviços ligados à fisioterapia. Não temos um gabinete de alto de rendimento”, observa.
Prosseguindo a sua análise mas agora noutra modalidade: “Vamos ao Andebol? Temos equipas a estagiar por cá? Não! Porquê? Porque não temos pavilhões disponíveis!”, reage, expondo ainda mais as lacunas evidentes ao nível de infra-estruturas.
Nas modalidades amadoras os estágios de equipas, selecções ou atletas concretizam-se muito à custa dos contactos entre clubes, jogadores, treinadores ou dirigentes.
Em 2016 os atletas Ygor Coelho e Lohaynny Vicente, acompanhados pelo técnico Marco Vasconcelos, encontram nos Prazeres um local para a preparação para os Jogos Olímpicos Rio 2016. O treinador madeirense e os atletas do Brasil foram recebidos por Duarte Anjo, na altura presidente da Associação.