Há 33 anos Soares desafiava Jardim no Porto Santo
Consulte connosco, neste ‘Canal Memória’, a edição de 29 de Dezembro de 1990
“Ao Porto Santo, Soares promete dar o que Jardim ‘não dá’” era uma das notícias em destaque na capa do nosso matutino há 33 anos.
Estávamos em 1990 – tal como agora em vésperas de eleições, mas desta feita presidenciais – e Alberto João Jardim era candidato a Belém contra o Presidente Mário Soares, que se recandidatava ao segundo mandato, com o apoio do PSD de Cavaco Silva.
No ‘Canal Memória’ de hoje recordamos um dos momentos ‘quentes’ da pré-campanha, que aconteceu precisamente com uma vista de Soares à Região, em Dezembro de 1990, na qual falou na existência de "défice democrático" ao dizer que existia um clima de medo e de intimidação através de pressões exercidas por quem detinha o poder.
“Os partidos da oposição e os jornais também têm-no dito”, apontava o então candidato. “Apoiar-me a mim, Carvalhas, Marques ou Basílio são coisas normais. Agora se eu chego aqui e encontro trezentas pessoas·num almoço e elas se sentem corajosas pela circunstância de estarem ali, é porque há qualquer coisa que não está a funcionar bem”, sustentava Soares.
Numa breve passagem pelo Porto Santo, o socialista acusou também a as entidades responsáveis de não olhar devidamente por uma ilha que “tem um grande futuro” e prometeu assumir ele próprio esse papel, através de um maior empenhamento para que os investidores nacionais e internacionais apostassem naquele território.
Depois de um “longo período de esquecimento”, Soares defendia que era chegada “a hora de darmos um impulso a esta Ilha”. Uma questão que se mantém actual, dados os constrangimentos da dita dupla insularidade que continuam a afectar a vida dos porto-santenses.
O resto é História. As quartas eleições presidenciais portuguesas após o 25 de Abril de 1974 tiveram lugar a 13 de Janeiro de 1991.
A reeleição do Presidente em exercício, Mário Soares, nunca esteve em dúvida, especialmente depois de o primeiro-ministro Cavaco Silva ter anunciado o apoio tácito do PPD/PSD à sua candidatura. Soares obteve uma esmagadora maioria de 70% — até hoje, a mais elevada votação de sempre em eleições presidenciais portuguesas em democracia —, tendo os restantes três candidatos (Basílio Horta, pelo CDS, Carlos Carvalhas pelo PCP e Carlos Marques pela UDP), obtido votações muito pouco expressivas.