Libertados dois militares luso-venezuelanos "presos políticos"
As autoridades venezuelanas libertaram hoje dois militares luso-venezuelanos detidos há cinco anos, confirmou a Coligação pelos Direitos Humanos e a Democracia (CDHD), que os considera presos políticos.
"Os presos políticos militares Adrián Leonardo de Gouveia de Sousa e Abraham Suárez Ramos foram libertados esta quinta-feira do cárcere de Ramo Verde, onde se encontravam detidos há cinco anos", anunciou a CDHD na rede social X, numa mensagem em que se congratula com a libertação de ambos.
Noutra mensagem na mesma rede social, a CDHD diz que "todos os militares, civis e mulheres merecem ser libertados e abraçar os seus entes queridos no novo ano".
"Na CDHD pedimos a liberdade de todos os presos políticos venezuelanos. Esperamos que o resto dos militares, civis e mulheres recuperem a sua liberdade antes do final de 2023", sublinha.
Por outro lado, a CDHD manifesta preocupação "com o facto de o estado de saúde dos presos políticos se estar a deteriorar e as suas famílias temerem pelas suas vidas", sublinhando que "a muitos lhes tem sido foi negada assistência médica e a outros foram retidos os medicamentos, causando danos à sua saúde física e mental".
"Há mulheres, de todas as idades, que estão privadas da sua liberdade por motivos políticos, que foram selecionadas, acusadas e condenadas a penas de prisão até 30 anos, quando são inocentes. Continuaremos a erguer a nossa voz por cada uma delas", sublinha a CDHD numa outra mensagem.
Adrián de Gouveia de Sousa, que fontes da comunidade portuguesa local confirmam ser lusodescendente, era major da Força Aérea e foi detido em 20 de maio de 2018, quando se dirigia para o trabalho n Comando Geral da Aviação, no leste de Caracas.
Foi acusado dos crimes de instigação à rebelião e ofensa ao decoro militar.
Segundo a ativista dos Direitos Humanos Tamara Suju, Gouveia foi submetido a agressões físicas e diferentes tipos de torturas.
Por outro lado, o major da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar) Abraham Suárez Ramos, que fontes da comunidade portuguesa local também confirmam ser luso-descendente, foi detido em 27 de maio de 2018, juntamente com outros sete militares, acusados de estarem envolvidos em crimes de traição à pátria, instigação à rebelião, motim, e ofensa ao decoro militar.
Em setembro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) manifestou preocupação pelo seu estado de saúde, porque teria tentado suicidar-se, e foi resgatado por um companheiro de cela e levado para o Hospital Militar Dr. Carlos Arvelo, em Caracas.