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Coronavírus Madeira

Números provam que pandemia condicionou actividade dos Centros de Saúde

Apesar de mais meios humanos, o único indicador positivo, todos os "actos médicos" reduziram consideravelmente face a 2019

Nesse ano foram inaugurados pelo menos um centro de saúde novo, na Calheta, e a ampliação e renovação de outro, na Nazaré. Foto Arquivo/Aspress
Nesse ano foram inaugurados pelo menos um centro de saúde novo, na Calheta, e a ampliação e renovação de outro, na Nazaré. Foto Arquivo/Aspress

As Unidades de Cuidados de Saúde Primários da Região Autónoma da Madeira (RAM), ou seja os Centros de Saúde, foram bastante condicionados pelo combate ao coronavírus. Isso já era algo perceptível, mas os números divulgados hoje pela Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), em relação à actividade destas 7 unidades durante o período 2018-2020, prova essa influência da pandemia.

"A recolha de informação fez-se junto do Serviço de Saúde da RAM, EPERAM (SESARAM, EPERAM) com o apoio do Instituto Nacional de Estatística (INE)", com a informação recolhida a dizer respeito "aos 7 Centros de Saúde, constituídos por 47 unidades funcionais que integram o Agrupamento de Centros de Saúde da RAM (ACES) criado em 2016", explica a DREM.

Assim, "no final de 2020, o pessoal ao serviço nas Unidades de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) da RAM era constituído por 1.775 profissionais, dos quais 224 médicos, 621 enfermeiros, 56 técnicos superiores de saúde e 60 técnicos de diagnóstico e terapêutica", aponta, sendo este um indicador positivo, pois "em comparação com o ano anterior, o pessoal ao serviço teve um acréscimo de 5,9% (mais 99 pessoas face a 2019), em resultado do aumento verificado no número de outros técnicos superiores (+31,8%), de médicos (+9,3%), dos técnicos superiores de saúde (+7,7%), de enfermeiros (+5,6%) e de outros profissionais (+4,8%)".

Ora, diz a DREM que, "na sequência das medidas de contingência adotadas no âmbito do combate à pandemia COVID-19, os indicadores da ação desenvolvida pelas UCSP em 2020 apresentaram reduções significativas, face ao ano anterior".

E isso fica claro nestes dados: "Em 2020, foram efetuadas 229.016 consultas médicas no ambulatório das UCSP, representando uma quebra de 33,9% face a 2019 (346.288 consultas). Do total de consultas médicas, 53,3% diziam respeito a primeiras consultas (43,5% em 2019). Naquele ano, foram realizadas 278.524 consultas de enfermagem (-28,8%), 19.283 consultas de psicologia (-35,3%), 12.250 consultas de nutrição (-26,2%) e 1.845 consultas de serviço social (-42,3%)."

Mais, "nos serviços de atendimento urgente foram observados 95.591 utentes em 2020, valor abaixo do registado em 2019 (-30,0%; 139.605 utentes), sendo que nesse ano, "89,0% dos utentes foram encaminhados para o domicílio ou consulta em ambulatório de centro de saúde e 10,8% tiveram de ser encaminhados para o hospital".

Também no ano em causa, "registou-se na RAM uma diminuição de 19,1% nas visitas domiciliárias (90.949) face ao ano anterior (112.441 visitas)", sendo que "nas UCSP realizaram-se, em 2020, 11.594 atos complementares de diagnóstico, menos 17,2% que em 2019 (13.998 atos). No mesmo período foram realizados 57.240 atos complementares de terapêutica, representando uma diminuição de 23,2% em relação a 2019 (74.555 atos)".

Onde?

Não sendo uma novidade para os residentes locais, nem todos saberão que os 7 centros de Saúde da Madeira "abrangem um ou mais concelhos dos 11 concelhos da Região, com exceção do concelho do Funchal que dada a sua densidade populacional integra duas Direções. As sete direções de Centros de Saúde existentes são as seguintes: Zona Oeste; Câmara de Lobos; Funchal (Zona I); Funchal (Zona II); Zona Leste, Santa Cruz e Dr. Francisco Rodrigues Jardim (Porto Santo)". Aliás, em 2020, "apenas o Centro de Saúde do Porto Santo incluía uma unidade funcional com internamento. Todos os 7 Centros de Saúde ofereciam serviço domiciliário, 6 dos quais no âmbito da Rede Regional de Cuidados Continuados Integrados".

Os meios humanos

Dos 1.775 profissionais nesse ano, "a maioria dos médicos ao serviço nas unidades funcionais dos cuidados de saúde primários (75,4%) eram médicos especialistas, destacando-se a medicina geral e familiar/clínica geral com maior número de especialistas (155 médicos)", enquanto "no que respeita aos enfermeiros, 63,6% eram de cuidados gerais, enquanto 36,4% eram enfermeiros especialistas". E entre estes últimos, "havia predomínio da especialidade de saúde comunitária (28,3%), seguida da saúde infantil e pediatria (20,8%) e da saúde mental e psiquiatria (15,0%)".

Consultas

Neste ano, "74,3% das consultas correspondiam a consultas de medicina geral e familiar (74,4% em 2019), 13,0% a consultas do recém-nascido, da criança e do adolescente (12,1% em 2019) e 5,8% respeitante a consultas de saúde da mulher (5,3% em 2019). Cerca de 37,1% do total de consultas foram realizadas nas unidades do Funchal. Do total de consultas médicas, 53,3% diziam respeito a primeiras consultas (43,5% em 2019)", acresce.

Urgências

Também em 2020, "o maior registo de atendimentos urgentes ocorreu em Machico (31,7%), seguido da Ribeira Brava (23,3%) e de Câmara de Lobos (12,7%)", totalizando os centros de saúde dos três concelhos, representando mais de dois terços (67,7%) dos atendimentos urgentes realizados nas unidades de saúde primários da Região.

Enfermeiros cruciais em casa

Nesse ano, os enfermeiros desempenharam papel crucial no apoio ao domicílio, num ano, recorde-se, marcado por longos períodos de confinamento. "A maioria das visitas domiciliárias, 96,5%, foram realizadas pelo pessoal de enfermagem, 3,3% por médicos e 0,3% por técnicos superiores de serviço social", refere a DREM.

Menos 15 pessoas internadas em 2020

"Em 2020, a única USCSP com internamento, localizada no município do Porto Santo", recorde-se a única com essa valência, "registou 130 internamentos, menos 15 que em 2019 (145 internamentos), correspondendo a um total de 1.123 dias de internamento", ainda assim mais dias do que em 2019 (1.022). "Do total, 3 internamentos foram transições de 2019. Note-se que nesta unidade funcional foram observados, em 2020, no serviço de atendimento urgente, 127 utentes (141 em 2019) que ficaram na unidade de internamento do Centro de Saúde. Do total de pessoas internadas em 2020, 126 tiveram alta nesse mesmo ano. Por grupo etário, verifica-se que 91,3% tinham 55 ou mais anos", acrescenta a DREM.

Actos complementares de diagnóstico e de terapêutica

"Do total de diagnósticos realizados no ano de 2020, cerca de 61,7% referiram-se a exames radiológicos, 34,0% a eletrocardiogramas e 4,4% a ecografias. As UCSP da Ponta do Sol e de Santa Cruz não disponibilizavam este tipo de exames em 2020, sendo no Funchal onde estes foram efetuados em maior número (4.144 exames, 35,7% do total)", aponta.

Já do total de actos de terapêutica realizados em 2020, "58,3% correspondiam a tratamentos de fisioterapia, 24,0% a sessões de terapia da fala e 15,8% a sessões de terapia ocupacional. Este tipo de tratamentos não estava disponível à população nas UCSP do Porto Moniz e da Ribeira Brava. No entanto, as unidades de Santa Cruz (14.425 atos; 25,2%) e de Machico (8.655 atos; 15,1%) foram as que apresentaram maior número de actos", conclui.