Instabilidade governativa, PRR, novo aeroporto e habitação vão marcar 2024
A Associação Portuguesa de Projetistas e Consultores (APPC) antecipa um 2024 "complexo e imprevisível", marcado pela instabilidade governativa, implementação do Plano de Recuperação e Resiliência, localização do novo aeroporto de Lisboa e construção de novas habitações.
"Para a APPC, a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a transição do Portugal2020 para o Portugal2030, a definição do local para o novo aeroporto, o lançamento da linha de alta velocidade Lisboa-Porto, o encerramento do programa Ferrovia 2020 e a execução dos planos de aceleração na construção habitacional serão temas-chave para o próximo ano", sustenta a associação em comunicado.
Para as empresas especializadas em consultoria, arquitetura, engenharia e fiscalização de empreendimentos, a recente instabilidade política traz "uma camada adicional de incerteza a todo um cenário já por si bastante desafiante", havendo o risco de um "período prolongado sem a definição clara das prioridades do futuro governo, tornando as decisões importantes mais complexas".
Citado no comunicado, o presidente da direção da APPC lembra que a associação "tem historicamente advogado pela previsibilidade nos planos de investimento público e pela estabilidade das decisões, permitindo que as empresas planeiem os seus ciclos de investimento".
Neste contexto, Jorge Nandin de Carvalho salienta "a importância de manter a estabilidade na procura pública para possibilitar a programação a médio e longo prazo das empresas associadas" e "a necessidade urgente de ações determinantes para preparar o setor para o futuro".
"A previsibilidade e a estabilidade emergem como requisitos cruciais para motivar a concentração e o surgimento de empresas nacionais de arquitetura e engenharia capazes de competir internacionalmente", enfatiza.
O dirigente associativo afirma que as empresas do setor "têm demonstrado uma sólida resiliência operacional", mas nota que "há desafios que se mantêm ao longo dos anos", como as "práticas inadequadas na contratação pública, que priorizam a avaliação das propostas pelo preço, em detrimento da qualidade" e a "incapacidade de revisão de preços, [que] impede a recuperação de perdas causadas pela inflação dos últimos dois anos".
Para a APPC, é preciso "que o país tome decisões rápidas e evite um período de incertezas que possa comprometer as capacidades de gestão e desenvolvimento das empresas do setor".
Destacando "a importância crucial das pessoas" do setor e apelando a "tempo, segurança e capacidade financeira para manter e qualificar as equipas", a associação espera que, "apesar das atuais incertezas, surjam sinais de estabilidade para sustentar os planos de atividades e investimentos das empresas representadas, permitindo um desenvolvimento sólido e sustentável em 2024".
Constituída formalmente em 1975, a APPC conta atualmente com cerca de 140 empresas associadas, com um volume de negócios de cerca de 370 milhões de euros.