Mais de 2,2 milhões de pessoas chegaram à fronteira sul dos EUA este ano
Mais de 2,2 milhões de migrantes chegaram até à fronteira sul dos Estados Unidos até agora em 2023, de acordo com dados do Governo norte-americano, que procura encontrar soluções com o México para resolver esta crise.
Entre janeiro e novembro de 2023, 2.240.000 de pessoas chegaram à fronteira, face aos 2.326.711 em 2022 e 1.856.332 em 2021, no mesmo período.
O México, com mais de 700 mil pessoas que chegaram à fronteira com os EUA, é o país com o maior número de migrantes nos registos oficiais, seguido pela Guatemala, Honduras e Colômbia.
Com o objetivo de controlar a migração através da fronteira, uma delegação liderada pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, em representação do Presidente dos EUA Joe Biden, visita esta quarta-feira o México, para negociar de urgência com o chefe de Estado mexicano Andrés Manuel López Obrador.
O Departamento de Estado informou, em comunicado, que a delegação se irá reunir pessoalmente com López Obrador para abordar "a migração irregular sem precedentes" na região e procurar a "adoção de medidas" que permitam a reabertura completa da fronteira.
Além disso, o chefe da diplomacia norte-americana insistirá no cumprimento da Declaração de Los Angeles, na qual 20 países latino-americanos, incluindo o México, se comprometeram a fornecer meios legais de permanência aos migrantes para que nem todos se dirijam aos Estados Unidos.
Para o Governo mexicano, o encontro é uma oportunidade para cooperar na "gestão regular dos fluxos migratórios" e para insistir na necessidade de manter abertas todas passagens de fronteira a fim de evitar impactos no comércio.
Além disso, López Obrador pretende sublinhar a necessidade de abordar as causas profundas da migração forçada, como a pobreza na América Central.
As autoridades fronteiriças dos Estados Unidos detiveram, só em novembro, 242 mil migrantes na fronteira com o México e detetaram um aumento histórico nas chegadas indocumentadas nos primeiros dias de dezembro.
Na semana passada, os Estados Unidos fecharam os cruzamentos ferroviários de Eagle Pass (Texas) com Piedras Negras (Coahuila) e El Paso (Texas) com Ciudad Juárez (Chihuahua) durante cinco dias.
A medida foi explicada pelas autoridades que gerem as fronteiras com a necessidade de enviar mais funcionários para esses pontos de passagem para processar migrantes, enquanto os empregadores mexicanos relataram perdas de milhões de dólares no comércio bilateral.
Nos últimos dias, os Estados Unidos também fecharam as passagens de veículos e pessoas em Lukesville (Arizona) e San Ysidro (Califórnia).
A administração democrata da Casa Branca está a negociar com os republicanos novas medidas restritivas na fronteira para fazer com que o partido mais conservador levante o veto que mantém no Congresso ao envio de ajuda à Ucrânia.
Nesse sentido, a Casa Branca está a avaliar a possibilidade de restaurar o polémico Título 42, como é conhecida a política aplicada durante a pandemia de covid-19 pelo ex-Presidente Donald Trump que permitiu a deportação rápida de migrantes indocumentados sem lhes dar a oportunidade de pedir asilo.
A aplicação desta medida afetaria diretamente o México, uma vez que a maioria das pessoas regressa a esse país.
A administração Biden suspendeu a aplicação do Título 42 em maio e substituiu-o por outras medidas que tentavam limitar a chegada de pessoas à fronteira e restringir o acesso ao asilo, mas não obteve o efeito desejado.
Na véspera de Natal, a poucos dias da visita da delegação dos EUA, uma caravana de mais com 10 mil migrantes deixou a fronteira sul do México rumo aos Estados Unidos.