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País

Mensagem de Costa rende um elogio e vários reparos

Partidos reagem à última mensagem natalícia do primeiro-ministro

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O PS prometeu continuar “o legado” de oito anos de governo de António Costa, que hoje fez a sua última mensagem de Natal como primeiro-ministro, e qualificou de “maledicência” as reações da oposição.

Foi uma “mensagem de grande lucidez, mas também de grande esperança no futuro” e o que o PS “se propõe é continuar este trabalho, de continuar a desenvolver este legado” e “a trabalhar com base na estabilidade, na previsibilidade e na segurança que os portugueses exigem dos políticos”, disse à agência Lusa o vice-presidente da bancada socialista João Torres.

Minutos depois da mensagem de Natal do primeiro-ministro, o deputado disse que António Costa “entregará um país inquestionavelmente melhor do que aquele que encontrou no final de 2015”.

E, em resposta à oposição, à esquerda e à direita, que criticou a mensagem de Costa por alegadamente descolar da realidade, João Torres afirmou: “Ao longo do último ano e meio, [a oposição] está hoje especializada na maledicência".

No futuro, afirmou ainda, o PS “dá garantias de estabilidade, previsibilidade e segurança”, após as eleições de março de 2024, no “aumento do salário mínimo nacional, no aumento do salário médio” ou ainda nas pensões.

O deputado socialista ressaltou, da mensagem, a “dimensão de valorização e até de apelo à coesão nacional”, concordando que “Portugal está hoje muito mais habilitado para vencer os desafios da sociedade do conhecimento e de rejeitar uma economia de mão de obra barata” ou ainda no “combate às alterações climáticas".

O primeiro-ministro afirmou que deixou um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

António Costa defendeu esta posição na sua nona e última mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

“Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria. É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor”, declarou.

Na sua mensagem, António Costa disse ter concluído que os últimos oito anos provaram que tinha “boas razões” para confiar no país.

PSD diz que confiança dos portugueses "só pode ser retomada com uma alternativa"

O vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, afirmou hoje que a confiança e esperança dos portugueses no futuro e nas instituições "só pode ser retomada com uma alternativa" e afastando "os socialistas do poder".

"Podemos ter esperança e confiança se houver uma mudança a 10 de março [de 2024]. A confiança que se pode restaurar dos portugueses nas instituições resulta diretamente, obviamente, da possibilidade de se mudar a governação socialista. Estes oito anos trouxeram-nos a uma situação de impasse", afirmou Paulo Rangel, na sede do PSD no Porto.

E acrescentou: "acho que a confiança e esperança só pode ser restaurada se afastarmos os socialistas do poder".

Numa reação à nona e última mensagem de Natal do primeiro-ministro, Paulo Rangel afirmou que, à semelhança de António Costa, também o PSD confia nos portugueses, mas que a confiança dos portugueses no futuro "só pode ser retomada com uma alternativa".

"Com maioria absoluta, ao longo de um ano desbarataram a credibilidade do Governo e das instituições", destacou Paulo Rangel, criticando o balanço da atividade governativa feito pelo primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

"Como é que é possível fazer o elogio dos progressos que houve nas qualificações quando vemos a situação em que está o sistema educativo, a situação em que estão os nossos alunos sem professores, em que estão os professores sem qualquer incentivo, a situação, portanto, de impasse em que entrou a educação", referiu.

A par da educação, o vice-presidente do PSD criticou também as contas certas, considerando que "foram feitas com base na destruição, abandono e desistência sistemática dos serviços públicos".

Para Paulo Rangel, na mensagem de Natal do primeiro-ministro faltou "uma palavra" para os profissionais de saúde, mas também para os sem-abrigo e para os que se confrontam com a crise na habitação.

"Sabemos que a pobreza e o risco de pobreza aumentaram especialmente neste último ano, ano e meio, em que o Governo socialista tinha maioria absoluta e era liderado por António Costa", afirmou.

Defendendo que o partido não tencionava fazer "uma crítica completa" à política socialista de António Costa, o vice-presidente do PSD afirmou, no entanto, que o primeiro-ministro "não hesitou em fazer alguma propaganda".

Mensagem de Natal de Costa "não bate certo com a vida das pessoas"

O PCP considerou hoje que a mensagem de Natal do primeiro-ministro, António Costa, "não bate certo com a vida das pessoas", salientando a ausência de menção a problemas como o custo de vida, saúde, educação e habitação.

"O senhor primeiro-ministro faz uma declaração que não bate certo com a vida das pessoas. Fala das contas certas, mas não fala do desacerto das contas da vida das pessoas, do salário e da pensão que não chega para enfrentar o custo de vida, que aumentou significativamente nos últimos tempos", começou por dizer hoje, aos jornalistas, no Porto, o dirigente comunista Jaime Toga.

Falando no centro de trabalho comunista na Avenida da Boavista, o membro da Comissão Política do Comité Central do PCP frisou ainda que António Costa fala "das qualificações do povo português, mas não fala, por exemplo, dos problemas da escola pública, do facto de haver ainda dezenas de milhares de alunos que não têm professores a todas as disciplinas".

"Não fala do Serviço Nacional de Saúde [SNS], dos problemas que há no Serviço Nacional de Saúde, da falta de valorização dos profissionais", referiu, sublinhando ainda a ausência de "um dos principais problemas do país, que é o problema da habitação".

Para o dirigente do PCP, "hoje, milhares de famílias passam o Natal com a agonia de não saber como é que será o dia de amanhã, e como é que conseguirão fazer face ao aumento dos custos da habitação, seja por via do aumento da prestação do crédito à habitação, seja por via do aumento das rendas".

Jaime Toga salientou a "importância de não alimentar ilusões, porque não é a partir do PS, como está demonstrado nos últimos anos, que se encontrarão respostas para os problemas dos trabalhadores, das populações".

"Será, sim, pelo reforço da CDU [Coligação Democrática Unitária, entre o PCP e o Partido Ecologista 'Os Verdes'], pelo aumento do número de votos e deputados da CDU, que será possível abrir caminho às respostas que são necessárias", defendeu o dirigente comunista.

Bloco diz que António Costa ignorou os problemas que o país enfrenta

A eurodeputada do Bloco de Esquerda Marisa Matias afirmou hoje que a mensagem de Natal de António Costa ficou marcada pela ausência de qualquer referência aos problemas que as pessoas enfrentam, nomeadamente na habitação e na saúde.

“Nesta última mensagem de Natal, o primeiro-ministro não fez nenhuma referência aos problemas que as pessoas enfrentam em Portugal, problemas que foram agravados com a maioria absoluta, apesar de ter tido todas as condições políticas e recursos extraordinários”, afirmou Marisa Matias, numa reação na sede do Bloco de Esquerda de Coimbra à última mensagem de Natal de António Costa enquanto primeiro-ministro.

Para a eurodeputada bloquista, a maioria absoluta “foi um tempo intranquilo”, não marcado apenas pelo “rodopio de ministros”, mas também por um “sobressalto permanente” na vida das pessoas, com a crise da habitação e os problemas sentidos no Serviço Nacional de Saúde.

Sobre estes dois temas, Maria Matias disse que António Costa não fez qualquer referência.

“A habitação é um problema central neste momento em Portugal, o Serviço Nacional de Saúde precisa de ser salvo e precisa de haver investimento concreto para que aquela que é uma das principais conquistas da democracia em Portugal não colapse e para tudo isso é preciso que se olhe, que se apresente soluções concretas para esses problemas e não fugir a eles, ignorá-los, omiti-los”, salientou.

Para Marisa Matias, este era um momento para o primeiro-ministro estar “mais próximo da realidade que as pessoas estão a enfrentar em Portugal”, considerando que continuar-se a “fingir que esses problemas não existem” não irá contribuir para resolvê-los.

Segundo a eurodeputada, era importante que António Costa tivesse apresentado “um olhar para o futuro e reconhecer que há problemas muito concretos na vida das pessoas e para os quais é preciso encontrar soluções”.

Marisa Matias lamentou ainda que o primeiro-ministro português não tenha feito qualquer referência “ao genocídio que está a acontecer em Gaza”.

“Não é um Natal qualquer. À semelhança do que temos assistido tragicamente na Ucrânia e que mereceu referência no ano passado, creio que não podemos também esquecer o que se está a passar em Gaza este ano”, vincou.

Iniciativa Liberal lamenta o esquecimento do que aflige os portugueses

O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, afirmou que o primeiro-ministro, na mensagem de Natal aos portugueses, esteve “igual a si próprio”, fazendo propaganda a si e ao Governo mas esquecendo o que aflige a população.

António Costa, na mensagem difundida esta noite, não falou do essencial, como as questões ligadas à crise na habitação, aos baixos rendimentos, a “uma classe média absolutamente asfixiada por rendimentos baixos e impostos altos”, à degradação das instituições e à degradação dos serviços públicos, como a saúde, educação, transportes e justiça, disse Rui Rocha.

“Sobre estes pontos que são fundamentais para os portugueses não houve uma única palavra de António Costa, que se limitou a fazer um autoelogio, que é aquilo que tem feito sempre ao longo destes oito anos”, adiantou Rui Rocha à Lusa quando questionado sobre que leitura fazia da intervenção do primeiro-ministro.

O primeiro-ministro afirmou esta noite que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

No entender de Rui Rocha, foi “uma mensagem que encerra um capítulo”, sendo que agora o fundamental “é transmitir confiança e esperança num Portugal diferente”.

A propósito da época, o dirigente partidário lembrou as reuniões familiares dos jovens emigrantes que vieram passar o Natal a Portugal, lembrou os mais jovens que pensam também emigrar, para dizer que a Iniciativa Liberal trará soluções para que os jovens possam ficar no país e os que emigraram possam regressar.

E sobre o acesso à saúde prometeu também uma “visão diferente”, com acessos à melhorados e com as pessoas a poderem escolher se querem aceder ao privado ou ao público.

Nos desejos de bom Natal o presidente do partido também deixou uma “mensagem de esperança e de confiança no futuro, e na transformação de Portugal a partir de 10 de março” (eleições legislativas). Que as festas sejam felizes “porque temos oportunidade de transformar Portugal”, disse.

Ventura diz que Costa falhou ao não abordar crise das instituições e a saúde

O presidente do Chega considerou hoje que a mensagem de Natal do primeiro-ministro falhou ao não abordar temas como a crise das instituições, a justiça e a saúde, acusando António Costa de não assumir as suas responsabilidades.

“É um primeiro-ministro que consegue na sua última mensagem falhar os dois tópicos principais que era importante tratar hoje e a olhar para o futuro: a crise das instituições e a confiança na justiça, que levou ao fim do seu Governo, e o profundíssimo sistema degradado em que a nossa saúde se encontra hoje”, considerou André Ventura.

O líder do Chega reagia à mensagem de Natal do primeiro-ministro, na qual António Costa afirmou que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

Na sua reação em Lisboa, André Ventura acusou o primeiro-ministro demissionário de uma “profunda incapacidade de fazer um exercício de auto responsabilidade, um juízo crítico de auto responsabilização”.

Na opinião do líder do Chega, “António Costa falhou em toda a linha ao não conseguir dar aos portugueses a tranquilidade que o país precisava numa noite de Natal”, acusando o PS e o primeiro-ministro de viverem “numa realidade paralela completamente diferente da maioria dos portugueses”.

“Esperemos que em março os portugueses saibam dar a resposta a quem não quer viver nem resolver os seus dramas e os dramas de Portugal”, disse.

PAN diz que mensagem de António Costa esqueceu o país real

A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, defendeu hoje que a mensagem de Natal do primeiro-ministro “esquece o país real” e considerou uma perda de tempo debates sobre coligações à esquerda ou à direita.

“As palavras de António Costa esquecem o país real, porque as contas certas têm que ser contas certas em primeiro lugar com as famílias, e num país em que temos mais de 10 mil pessoas em situação de sem-abrigo e quatro milhões de pessoas a viver em situação de pobreza se não fossem os apoios sociais, existe claramente aqui um défice de um país em que António Costa não tem conseguido promover o desenvolvimento social”, considerou a dirigente.

Inês Sousa Real reagia, em Lisboa, à mensagem de Natal do primeiro-ministro, na qual António Costa afirmou que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

Para o PAN, a maioria absoluta do primeiro-ministro demissionário “foi uma oportunidade perdida e desperdiçada”.

“É fundamental que, ao invés de perdermos tempo a discutir entre a esquerda e a direita, e qual vai ser a solução para o país, se uma coligação à esquerda ou à direita, que estivéssemos a discutir aquilo que é a visão e o projeto de país que queremos de facto para Portugal”, defendeu.

Inês Sousa Real disse ainda que o PAN vai apresentar-se nas eleições legislativas antecipadas de 10 de março “como uma alternativa que coloca as causas no centro político”.

“Porque precisamos de uma vez por todas de começar a discutir os valores e os princípios que queremos promover para que o país possa crescer de forma sustentável, quer numa perspetiva ambiental, quer social”, considerou.