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Hamas critica reunião de líderes cristãos com Presidente israelita

Foto DR/Isaac Herzog/XTwitter
Foto DR/Isaac Herzog/XTwitter

O grupo islamista Hamas criticou hoje uma recente reunião entre os líderes das igrejas na Terra Santa com o Presidente israelita, Isaac Herzog, realizada em plena guerra, dizendo que aquelas lideranças cristãs não representam o povo palestiniano.

"Estamos comovidos com a imagem dos líderes cristãos dos territórios palestinianos ocupados reunindo-se com o presidente da entidade sionista [Israel] devido ao Natal, tirando fotografias comemorativas com ele", indicou, num comunicado citado pela agência Efe, Basem Naim, membro do 'bureau' político do Hamas em Gaza.

De acordo com o comunicado do representante do Hamas, "nenhum deles falou dos tempos difíceis que atravessa" o povo palestiniano "devido aos crimes de genocídio e de limpeza étnica às mãos do exército sionista (...) que destruíram tudo o que é palestiniano, incluindo mesquitas e igrejas, e matou todos sem distinguir entre cristãos e muçulmanos", acrescentou.

"Estamos unidos aos nossos irmãos cristãos pelo sofrimento. (...) Acreditamos que esta liderança cristã, com este comportamento, não representa o nosso povo", sublinhou Basem Naim.

O Patriarcado Grego Ortodozo de Jerusalém emitiu hoje um comunicado em que clarifica que "a reunião não foi um mero intercâmbio", acrescentando que "pediu, em nome dos cristãos do mundo, um cessar imediato do derramamento de sangue em Gaza", além de denunciar as restrições de movimento impostas na Cisjordânia ocupada, especialmente perto de Belém.

O Patriarcado também assinalou que, por motivos políticos, meios de comunicação social e fontes israelitas só difundiram "aspetos marginais" da reunião, e não o tema central.

Na quinta-feira, o Presidente israelita, Isaac Herzog, reuniu-se com Teófilo III, o patriarca de Jerusalém, juntamente com outros líderes das igrejas da Terra Santa.

Herzog fez referência ao ataque que o Hamas perpetrou contra Israel no dia 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos, 250 sequestrados e a guerra entre Israel e o Hamas, assegurando que "há muitas pessoas das comunidades cristãs que foram afetadas".

Teófilo III exigiu, na reunião, "um cessar-fogo urgente, humanitário, permanente e imediato em Gaza", de acordo com um comunicado do Patriarcado Grego Ortodoxo de Jerusalém.

Os líderes das igrejas cristãs assinalaram "o aprofundamento da crise humanitária e o sofrimento dos civis inocentes" em Gaza, recusando qualquer solução militar, ao advogar "o diálogo e a reconciliação como os únicos caminhos sustentáveis para a paz".

Israel declarou guerra ao Hamas, em retaliação ao ataque de 07 de outubro perpetrado pelo grupo em território israelita, que fez 1.139 mortos, na maioria civis, de acordo com o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Cerca de 250 pessoas foram também sequestradas nesse dia e levadas para Gaza, 128 das quais se encontram ainda em cativeiro pelo movimento, considerado uma organização terrorista pela União Europeia, pelos Estados Unidos e por Israel.

A ofensiva israelita por terra, mar e ar já provocou mais de vinte mil mortos, entre os quais oito mil crianças e 6.200 mulheres, e mais de 53 mil feridos, de acordo com números das autoridades locais controladas pelo Hamas, e cerca de 1,9 milhões de deslocados, segundo a ONU.