Preocupações de Fim de Ano
O tempo de Natal e de começo de um novo ano é um tempo de esperança e alegria que não nos deve levar a esquecer os graves problemas que a Humanidade atravessa e os muitos que parecem estar para surgir num futuro próximo.
As alterações climáticas são sem dúvida uma das grandes preocupações da maioria das pessoas. Não é preciso ser muito velho para nos apercebermos que o clima já não é o mesmo de quando eramos crianças; não se trata de uma questão de falta de boa memória, mas é uma realidade que os dados sobre o clima mostram. Os fenómenos extremos são cada vez mais frequentes e as suas consequências cada vez mais desastrosas.
O Ano Novo deve ser um tempo de reflexão para pensarmos o que cada um deve individualmente fazer para ajudar a travar o aquecimento global e, se possível, levar a um arrefecimento do Planeta. Se cada um não estiver disposto a fazer algo diferente, então não me parece que o problema se consiga resolver por imposição. É preciso a indústria mudar, mas que para que tal aconteça é necessário alterar os estilos de vida para que sejam mais sustentáveis e amigos do ambiente. A questão que cada um individualmente deve colocar é a de saber até que ponto está disponível para abdicar do estilo de vida consumista que, apesar de continuar a ser o sonho de muitos que ainda não o atingiram, tem levado a tão graves consequências para o ambiente.
Temos de ser menos poluentes e para isso haverá que perceber qual a nossa pegada ecológica e como a reduzir. Muito se fala de falta de literacia financeira, mas pouco se fala da falta de literacia ecológica que penso ser essencial para que as pessoas possam tomar as boas decisões.
O caso do aumento do IUC (imposto único de circulação) proposto, mas não concretizada no Orçamento para 2024, é um caso onde me parece que a discussão se fez na base de sentimentos e não de informação científica. A ideia era tributar mais os automóveis mais poluentes o que não acontecia com os automóveis mais antigos, só que a tributação não incidia sobre a real poluição produzida, mas pelo potencial de poluição da viatura. A poluição depende da utilização da viatura. Será que um veículo parado polui?
A meu ver, não se pode tributar do mesmo modo duas viaturas idênticas em que uma faz num ano mais quilómetros do que outra faz em 10 anos, ou será que se pode?
Muitos de nós não iremos ver ou sentir os efeitos das grandes alterações climáticas porque muitos deles só se irão concretizar daqui a algumas gerações. Este é um dos desafios da tomada de decisão no momento presente, ou seja, como considerar os interesses e direitos das gerações que ainda não nasceram. Acho que nos falta empatia com essas gerações que merecem ter, tal como nós, um mundo agradável para viver.
Deixo em jeito de presente de Natal estas preocupações, com os votos que em 2024 não se continue a adiar.