Cerca de 12 em cada 25 pessoas na Madeira entre os 18 e os 74 anos já foram vítimas de algum tipo de violência ao longo da vida
A Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM) disponibilizou hoje no seu portal os resultados do Inquérito sobre Segurança no Espaço Público e Privado (ISEPP), realizado entre Julho e Outubro de 2022 a uma amostra de 1.189 alojamentos na Região Autónoma da Madeira (RAM).
As entrevistas foram realizadas, com carácter voluntário, a indivíduos com idade entre os 18 e os 74 anos. Os dados divulgados incidiram sobre a prevalência da violência nos seguintes contextos, vividos no espaço público ou privado:
- vitimação em geral;
- violência vivida em contexto de intimidade, por atuais e/ou anteriores cônjuges ou namorados/as ou companheiros/as, doravante designados por parceiros/as;
- violência vivida com outras pessoas que não parceiros/as;
- assédio sexual no trabalho;
- assédio persistente;
- violência na infância (até aos 15 anos).
A experiência de violência em diferentes contextos da vida das pessoas, abrange tipos de violência específicos, como sejam: a violência em contexto de intimidade que contempla atos de violência psicológica, de violência física (incluindo ameaças) e de violência sexual; a violência vivida com outras pessoas que não parceiros/as abrange somente atos de violência física e sexual; a violência na infância compreende atos de violência física e psicológica, ou abusos físicos e emocionais, dos pais para com as crianças, e atos de violência ou abuso sexual por parte de qualquer pessoa, dentro ou fora da família. Os atos a que correspondem cada tipo de violência encontram-se descritos na Nota Metodológica anexa ao quadro desta divulgação.
Em 2022, na RAM, considerando todos os contextos de violência ao longo da vida, 48,1% das pessoas dos 18 aos 74 anos referiram ter sofrido pelo menos uma situação de violência (91,5 mil pessoas). No País, a proporção foi mais baixa em 3,3 pontos percentuais (p.p.) (44,8%), destacando-se com as percentagens mais elevadas as Regiões Autónomas (a Região Autónoma dos Açores (RAA) com 46,9%, valor inferior à RAM).
Na RAM, cerca de um quarto das pessoas entre os 18 aos 74 anos (24,4%; 39,8 mil) responderam ter sofrido algum tipo de violência por qualquer parceiro, valor superior em 4,5 p.p. ao de Portugal (19,9%) e o maior entre as regiões NUTS II.
Quanto à violência exercida pelo actual parceiro/a, 10,5% das pessoas reportaram uma experiência de violência neste contexto (13,7 mil). A nível nacional, esta proporção foi de 8,9% (-1,6 p.p.), com o Centro a liderar (10,9%), seguido das Regiões Autónomas (RAA com 10,3%).
A violência exercida por anterior parceiro/a foi referida por 38,7% das pessoas (27,6 mil), uma proporção mais elevada em 7,8 p.p. que a do país (30,9%). Uma vez mais as Regiões Autónomas destacam-se neste parâmetro (RAA com 36,3%).
A violência exercida por outros/as que não os parceiros/as, foi referida por 16,1% das pessoas (30,6 mil), a mesma proporção que em Portugal, um indicador no qual a Área Metropolitana (AM) de Lisboa lidera (18,7%).
Relativamente ao assédio no trabalho, o objetivo era perceber a proporção de pessoas que já se tinham confrontado com comportamentos indesejados com conotação sexual por parte de pessoas no local de trabalho (colegas, superiores, clientes ou pacientes). Foram consideradas as vítimas de algum deste tipo de violência, abrangendo tanto as que estavam a trabalhar como as que já trabalharam em algum momento da sua trajetória profissional.
Na RAM, 9,1% das pessoas entre os 18 e os 74 anos (15,3 mil) afirmou terem sido vítimas de assédio sexual no trabalho, valor superior em 0,3 p.p. ao do País. A AM de Lisboa lidera destacada este indicador (11,1%).
No assédio persistente considera-se a conduta intencional que consiste em ameaçar repetidamente outra pessoa, fazendo-a temer pela sua segurança, com vista a intimidá-la e controlá-la. Compreende situações que podem ocorrer no dia-a-dia, em que alguém repetidamente ameaça ou ofende outrem a ponto de causar medo ou preocupação pela segurança dessa pessoa, e ser levadas a cabo por qualquer pessoa, homem ou mulher, incluindo parceiros/as, atuais ou anteriores.
Na RAM, mais de uma em cada 5 pessoas (21,1%; 40,0 mil) já foi vítima de assédio persistente, proporção inferior à do País (20,7%) em 0,4 p.p.. A RAA apresenta o valor mais elevado (23,7%) entre as regiões NUTS II.
Relativamente à violência na infância, consideraram-se as situações de violência psicológica, física e sexual ocorridas até aos 15 anos de idade. Cerca de 45,5 mil pessoas entre os 18 e os 74 anos, representando 23,9% da população em análise, foram vítimas daquelas formas de violência durante a sua infância. A nível nacional, esta proporção foi de 18,6%, valor inferior em 5,3 p.p. ao da RAM, que se destaca entre as regiões NUTSII com o maior valor.