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Migrantes com piores condições no Golfo Pérsico devido a alterações climáticas

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Foto Shutterstock

A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) afirmou hoje que os migrantes são os trabalhadores nos países do Golfo Pérsico mais expostos "às piores condições laborais da região" devido às alterações climáticas.

Por ocasião do Dia Internacional dos Migrantes, hoje assinalado, a organização não-governamental (ONG) apontou que são os "grupos marginalizados como os migrantes e a sua comunidade que, em muitos casos, estão na primeira linha do impacto da crise climática".

As temperaturas dos países do Golfo - Bahrein, Omã, Arábia Saudita e Emiratos Árabes Unidos (EAU) - ultrapassam geralmente os 40 graus centígrados entre 100 a 150 dias por ano e, segundo o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas, poderão superar o limiar da habitabilidade no final do século.

Um dos grupos mais afetados é dos técnicos de aparelhos de ar condicionado. Um desses trabalhadores relatou à HRW como continua a sua jornada laboral apesar das "condições extremas, passando as oito horas diárias (de um total de 12 horas) nos telhados nos casos em que é preciso reparar" os aparelhos.

Como estes equipamentos, em muitos casos, funcionam 24 horas e requerem reparações constantes, o trabalhador contou que, e "com o aumento da temperatura", este trabalho "é cada vez mais difícil".

Apenas no Qatar vigora a proibição de trabalho no exterior quando se registam mais de 32,1 graus centígrados, mas a HRW notou que as "medidas de proteção contra o calor não são adequadas".

Os trabalhadores, cuja maioria são migrantes que chegam à região através de um sistema de patrocínio (kafala, em que o empregador, ao invés do Estado, controla o direito de residência do trabalhador), são "muitas vezes invisíveis, mas indispensáveis, (...) estão a tornar a vida mais habitável no calor crescente do Golfo", explicou Michael Page, diretor-adjunto da HRW para o Médio Oriente.

"O Dia Internacional dos Migrantes deve aumentar a consciência sobre a necessidade de reformar as práticas laborais exploradoras em empregos críticos para ajudar as pessoas a enfrentar a crise climática", acrescentou Page.