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Armas de pequeno calibre responsáveis por 260 mil mortes em 2021

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A ONU alertou ontem que o uso e a transferência ilícita de armas de pequeno calibre continuam a ameaçar a paz e a segurança internacionais, com 260 mil mortes associadas a este tipo de armamento em 2021.

Os números foram apresentados pela Alta Representante da ONU para Assuntos de Desarmamento, Izumi Nakamitsu, numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), convocada pelo Equador, para debater formas de "enfrentar a ameaça que o desvio, o tráfico ilícito e o uso indevido de armas de pequeno calibre e as suas munições representam para a paz e segurança". 

Segundo Nakamitsu, as armas de pequeno calibre são as "mais escolhidas para iniciar, sustentar e exacerbar conflitos, violência armada, terrorismo e outras formas de crime organizado", e a sua utilização indevida "facilita violações dos direitos humanos e violência baseada no género".

De acordo com os números mais recentes, só em 2021, 260.000 pessoas foram mortas por armas de pequeno calibre, o que representa 45% de todas as mortes violentas, apontou a funcionária da ONU, com base no mais recente relatório do programa 'Small Arms Survey', que rastreia estatísticas sobre mortes violentas, disponíveis posteriormente numa base de dados ('Global Violent Deaths').

 "Isto representa mais de 700 pessoas por dia, ou seja, uma pessoa morre por armas de pequeno calibre a cada dois minutos", sublinhou Izumi Nakamitsu.

 Na sua apresentação, a Alta Representante da ONU destacou ainda alguns pontos do relatório bienal do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre armas de pequeno calibre e armamento leve, publicado em 01 de novembro, que observou um aumento contínuo das despesas militares globais, assim como a deterioração do ambiente de segurança, a escalada dos conflitos armados e o consequente aumento de vítimas civis.

Em 2022, as Nações Unidas registaram pelo menos 16.988 mortes civis em 12 dos conflitos armados mais mortais do mundo, um aumento de 53% em comparação com 2021.

A África Subsaariana e a Europa registaram 90% das mortes.

De acordo com o relatório, esse aumento foi impulsionado em grande parte pelo aumento do uso de armas pesadas e munições explosivas, o que causou 39% das mortes civis.

Já as armas ligeiras e de pequeno calibre foram a segunda causa de morte de civis em contexto de conflitos, representando 14% de todos esses óbitos.

Além disso, em 2022, as despesas militares globais atingiram um novo recorde de 2,24 biliões de dólares, diz o relatório de Guterres.

Focando-se nas armas pequenas e de pequeno calibre, Izumi Nakamitsu salientou a importância de se enfrentar eficazmente as ameaças à paz e à segurança internacionais que este armamento representa, pedindo não apenas um maior controlo rigoroso sobre a sua oferta, mas também os fatores subjacentes que contribuem para a sua procura.