Uma análise sobre as desigualdades sociais na Bélgica
Recentemente, um levantamento trouxe à tona uma realidade que muitos conhecem superficialmente, mas poucos compreendem em toda a sua complexidade. Os belgas, frequentemente rotulados como uma população muito rica, figuram entre os dez por cento mais abastados do planeta, segundo dados coletados na última semana. Um panorama que, à primeira vista, revela uma aparente prosperidade económica.
Analisando mais detalhadamente os dados revelou nuances que escapam à superficialidade das médias. Cerca de dois terços da riqueza belga estão ancorados em imóveis, como terrenos e edifícios, enquanto o terço restante se manifesta em ativos financeiros, incluindo dinheiro, ações e títulos. A média per capita de 572 mil euros, frequentemente citada, representa, na verdade, uma significativa distorção da realidade.
A capital da Europa, conhecida por sua diversidade, abriga milhares de habitantes provenientes de diversas partes do mundo, incluindo América do Sul, África e Ásia, além das migrações internas no continente europeu. Essa mescla cultural, no entanto, não é acompanhada por uma distribuição equitativa da riqueza.
Metade das famílias belgas possui um capital médio de 80.047 euros, uma cifra que, embora expressiva, não conta a história completa. Os dez por cento mais pobres enfrentam uma realidade mais severa, com um capital médio negativo de 15.438 euros, indicando dívidas significativas. Essa dinâmica contribui para a ampliação das disparidades sociais, especialmente entre as famílias provenientes de países da América do Sul, África e Ásia, onde muitas vivem com renda inferior a 15 mil euros. Para os brasileiros pode parecer muito, mas tem que se levar em conta a distância em adquirir um imóvel ali e viver no submundo e em grupos apertados em um apartamento.
Os dados, provenientes de uma pesquisa liderada pelo renomado economista francês Thomas Piketty e sua equipe, especialistas em desigualdade, evidenciam a Bélgica comparativamente a outros países. Em termos de desigualdade de renda, a África do Sul se destaca como o país mais desigual, enquanto a Bélgica ocupa o décimo quinto lugar mundial.
A desigualdade nos ativos é apontada como a raiz do problema, vinculada à transmissão de bens de geração em geração e às taxas mais baixas de impostos sobre heranças e doações em comparação com o imposto sobre o trabalho. Vale ressaltar a contribuição da rede de segurança social na mitigação das disparidades de renda, situando a Bélgica em quarto lugar no ranking dos países menos desiguais globalmente. No entanto, a presença marcante de imigrantes amplifica ainda mais essas desigualdades, lançando luz sobre a urgência de abordagens políticas e sociais que busquem uma distribuição mais equitativa da prosperidade.
Gregório José