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Tolerância

Tive a oportunidade, há dias, de ouvir de um amigo uma brilhante intervenção sobre tolerância. Foi com base nesta que escrevi este texto, necessariamente mais pequeno.

Mas também porque é Natal, faz sentido observarmos, e alterar, o nosso comportamento.

Em alguns, muitos, contextos, um excesso de tolerância pode ser entendido como indiferença, como uma posição de conforto. Como uma irresponsabilidade. Dentro deste entendimento, o “politicamente correcto” é necessariamente incorrecto, e cabe-nos garantir que a nossa tolerância não seja abusada, o que pode mesmo pôr em causa o nosso modo de vida, e a visão que temos da vida e da sociedade, e do futuro que queremos, para nós e para os nossos.

O conflito da moda é o que opõe Hamas e o estado israelita. Não concebo, e recuso-me a valorizar qualquer crítica ou comentário aos eventos dos últimos dois meses que não comece por uma condenação, inequívoca e incondicional, dos eventos de 7 de outubro. Em nenhuma circunstância isto é aceitável, ou sequer tolerável. Porque tolerar estas acções é, de certa forma, legitimá-las. Porque o “sim, mas” é mais que dúbio… é nojento e inqualificável.

E esta é a mesma perspectiva que se verifica em relação à Ucrânia. Qualquer análise ou comentário que não comece com uma condenação, inequívoca e incondicional, à invasão russa é inaceitável. Porque, tanto ou mais que o Hamas, Putin quer pôr em causa a democracia e o modo de vida do ocidente.

E neste sentido, e baseando-me um pouco nas reacções à intervenção do meu amigo, cabe a nós, cidadãos de Portugal e da Europa, lutar para que nós, portugueses e europeus, não nos refugiemos no conforto dos nossos sofás, e que no mínimo dos mínimos, apoiemos os que estão na frente da defesa do ocidente e do seu modo de vida perante a barbárie: Israel e a Ucrânia.

E porque não faria sentido acabar este texto sem regressar ao início, queria deixar a todos os desejos de um bom Natal e de um óptimo Ano Novo, na esperança que sejamos capazes de ultrapassar as nossas zonas de conforto e de lutar pelo que já temos, e pelo que desejamos.