Rússia tem 617.000 soldados destacados no teatro de guerra
O Presidente russo, Vladimir Putin, revelou hoje que o exército tem 617.000 efetivos destacados na Ucrânia, fornecendo pela primeira vez uma estimativa precisa das forças atualmente envolvidas na guerra contra o país vizinho.
"Há 617.000 pessoas na zona de hostilidades", declarou Putin durante a sua conferência de imprensa televisiva anual, citado pela agência francesa AFP.
O líder russo disse que cerca de 244.000 dos efetivos no terreno são soldados que foram chamados a combater ao lado de militares profissionais, segundo a agência norte-americana AP.
Em setembro de 2022, Putin ordenou uma mobilização parcial de 350.000 reservistas para reforçar as forças na Ucrânia, dando origem a protestos e à fuga de milhares de russos em idade militar para o estrangeiro.
Putin não revelou o número de baixas desde o início da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, que os Estados Unidos estimam em 315.000 soldados russos feridos ou mortos.
Putin qualificou como um fracasso a contraofensiva ucraniana lançada em junho, e disse que as forças russas têm estado a melhorar as suas posições.
"O inimigo anunciou uma grande contraofensiva. Não conseguiu nada em lado nenhum", afirmou, citado pela agência espanhola EFE.
Putin disse que "ao longo de quase toda a linha de contacto, as forças russas estão a melhorar as suas posições".
O líder russo dedicou grande parte do discurso à Ucrânia, onde disse que se trava um conflito "semelhante a uma guerra civil entre irmãos", uma vez que "no fundo, russos e ucranianos são um só povo".
A tragédia na Ucrânia, segundo o líder russo, deve-se, em particular, à intenção do Ocidente de se aproximar das fronteiras da Rússia.
"O desejo incontrolável de se aproximar das nossas fronteiras, encurralando a Ucrânia na NATO, conduziu a esta tragédia", insistiu.
Putin reconheceu que a guerra afetou as relações internacionais da Rússia, nomeadamente com os governos ocidentais, como os Estados Unidos da América (EUA).
Afirmou estar "pronto a estabelecer relações" com os EUA, por serem um país "importante e necessário", mas acusou Washington de "agir como um império".
Defendeu ainda que os EUA devem respeitar as decisões soberanas de outros países em vez de lançar operações militares ou adotar sanções como as que impôs a Moscovo nos últimos anos.
Sobre a União Europeia (UE), considerou que "perdeu a sua soberania" e acusou o bloco de repetidamente se limitar a seguir a linha dos EUA.
Este ano, o Kremlin (presidência) combinou a conferência de imprensa com a sessão de perguntas e respostas aos cidadãos, que costumavam ter lugar no primeiro e no segundo semestre de cada ano, respetivamente.
Tratou-se da primeira grande conferência de imprensa de Putin desde o início da guerra contra a Ucrânia, há cerca de dois anos.