Banco Crédit Agricole vai deixar de financiar novos projectos de extracção de energias fósseis
O banco Crédit Agricole comprometeu-se hoje a não financiar novos projetos de extração de combustíveis fósseis e a reduzir em 75% as emissões de dióxido de carbono (CO2) dos projetos de petróleo e gás financiados até 2030.
"Decidimos (...) cessar todo o financiamento de novos projetos de extração de combustíveis fósseis e adotar uma abordagem seletiva para apoiar as empresas de energia envolvidas nesta transição", afirmou Philippe Brassac, presidente do conselho de administração do grupo bancário, um dos maiores em França e na Europa, num comunicado em que anuncia a atualização da política climática, na sequência do acordo alcançado na COP28 no Dubai.
Como resultado, "as emissões de gases com efeito de estufa deste setor serão reduzidas duas vezes mais rapidamente do que o cenário Net Zero 2050 publicado pela Agência Internacional da Energia", acrescentou.
Em pormenor, a nova política climática do grupo compromete-se a "reduzir as emissões financiadas do setor do petróleo e do gás em 75% até 2030 (em relação a 2020), em comparação com a redução de 30% anunciada para 2022".
Em dezembro passado, o Crédit Agricole já tinha anunciado que deixaria de financiar novos projetos de extração de petróleo e especificou alguns dos objetivos climáticos.
Numa investigação do jornal Le Monde sobre "bombas de carbono", ou locais de extração de petróleo, gás e carvão que são superemissores de CO2, o Crédit Agricole foi classificado em sétimo lugar entre os bancos que dão apoio indireto significativo a este tipo de projetos.
"O mercado bancário é tal que os bancos muito raramente financiam diretamente projetos de extração de combustíveis fósseis. Preferem conceder empréstimos às empresas de extração", declarou, na altura, o diário.
O Crédit Agricole também se comprometeu a triplicar o "financiamento anual em França" para "energias renováveis entre 2020 e 2030".
Este compromisso está em conformidade com o acordo do Dubai, assinado no dia anterior, que pediu a "triplicação da capacidade das energias renováveis a nível mundial" até 2030.
O banco também apresentou objetivos climáticos para cinco novos setores: transportes marítimos, aviação, aço, imobiliário residencial e agricultura.
Muitas vezes criticados por organizações não-governamentais pelo apoio aos combustíveis fósseis, os bancos atualizam regularmente políticas, limitando o impacto no aquecimento global.
Vários bancos aproveitaram a COP28 para o fazer: o BNP Paribas anunciou, a 23 de novembro, que vai deixar de financiar o carvão metalúrgico, utilizado principalmente na indústria siderúrgica, e, alguns dias antes, o Société Générale clarificou os compromissos assumidos em setembro, acrescentando uma secção sobre a descarbonização do setor imobiliário comercial.