MP polaco abre inquérito contra deputado de extrema-direita que teve comportamento antissemita
O Ministério Público polaco abriu um inquérito contra o deputado de extrema-direita que utilizou um extintor para apagar as velas de um castiçal que estavam acesas para assinalar o feriado judaico de Chanucá, noticiou hoje a AFP.
O deputado Grzegorz Braun, do partido ultranacionalista Confederação, usou na terça-feira um extintor para pulverizar um castiçal, um símbolo do judaísmo, que foi iluminado no salão do parlamento polaco.
O ato do deputado de extrema-direita foi condenado pelos principais partidos políticos, bem como pelo novo primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, que o considerou "inaceitável".
Num comunicado divulgado hoje, o Ministério Público anunciou que abriu uma investigação sobre este caso e que se encontra a reunir provas.
Os deputados debatiam a constituição do novo governo quando o incidente ocorreu, atrasando os trabalhos.
O presidente do parlamento, Szymon Holownia, classificou este ato de "absolutamente escandaloso" e excluiu Braun da sessão parlamentar do dia, anunciando que iria denunciar o caso ao Ministério Público.
O parlamento polaco aplicou também a maior sanção financeira possível ao deputado da extrema-direita, fazendo-o perder metade de três meses do seu salário e diárias por meio ano.
Grzegorz Braun, membro pró-russo do partido Confederação, afirmou no passado que existia um plano de transformar a Polónia num "Estado judaico" e pediu que a homossexualidade fosse criminalizada.
Tanto o primeiro-ministro polaco como o presidente do parlamento consideram que o ato praticado por Grzegorz Braun foi instigado pela Rússia, uma vez que a Polónia é um dos principais aliados da Ucrânia na guerra contra o exército russo.
"Este ato de absoluta agressividade, estupidez e bestialidade ocorrido ontem (terça-feira) combina claramente com os inimigos da Polónia", afirmou Szymon Holownia.
Já Marek Sawicki, deputado do bloco "Terceira Voz" e membro da coligação governamental, disse à rádio nacional que o incidente no parlamento "não foi um ato isolado", mas "uma missão ditada diretamente do Kremlin", com intuito de "prejudicar a imagem da Polónia na cena internacional".
De acordo com imagens de vídeo do incidente, Braun pegou num extintor de incêndio vermelho e apagou as velas do castiçal.
Este incidente foi também criticado pela Igreja Católica polaca.
"Estou envergonhando e peço desculpas a toda a comunidade judaica na Polónia", escreveu nas redes sociais o cardeal Grzegorz Rys, que lidera um comitê para o diálogo com o judaísmo.