Estados Unidos criticam impacto de bombardeamentos na Faixa de Gaza
O Departamento de Estado norte-americano criticou hoje o impacto dos bombardeamentos israelitas na população civil da Faixa de Gaza, onde milhares de palestinianos morreram desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita Hamas.
O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, dirigiu estas críticas um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter dito num evento privado que Israel está a perder apoio aos seus "bombardeamentos indiscriminados" na Faixa de Gaza.
"Acho que o Presidente [Biden] estava a referir-se ao impacto da campanha de bombardeamentos em grande escala que vimos, com milhares de civis mortos", explicou Miller em conferência de imprensa.
O porta-voz norte-americano disse que Washington entende a intenção de Israel de eliminar o Hamas, mas instou as autoridades de Telavive a "adotarem novas medidas para proteger os civis".
Questionado sobre se os Estados Unidos irão investigar a operação em curso de Israel na Faixa de Gaza, observou que a administração Biden está "a reunir informações" sobre a situação.
Na terça-feira, surgiram novas divergências entre Israel e o seu principal aliado sobre o curso da guerra e os planos para o pós-conflito.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reconheceu que há um desacordo com Biden sobre o futuro da Faixa de Gaza, já que Israel rejeita a proposta dos Estados Unidos para que a Autoridade Palestiniana, que governa pequenas partes da Cisjordânia ocupada, assuma o controlo do enclave após a guerra.
Além disso, num evento privado de pré-campanha eleitoral, Biden alertou que Israel está a perder apoio internacional devido a "bombardeamentos indiscriminados" na Faixa de Gaza e criticou o executivo de Netanyahu por ser "o mais conservador da história" do Estado judaico.
A Assembleia-Geral da ONU aprovou na terça-feira, com uma esmagadora maioria e poucos votos contra, incluindo Israel e os Estados Unidos, uma resolução que apela a "um cessar-fogo humanitário imediato" no território palestiniano.
Miller negou hoje que Washington esteja a ficar isolado e lembrou que "não é a primeira vez" que se verifica um resultado como este.
A administração Biden opôs-se publicamente a um cessar-fogo na Faixa de Gaza porque acredita que este seria usado pelo Hamas para se rearmar e atacar novamente Israel.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 68.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 18.000 mortos, na maioria civis, e mais de 50.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e cerca de 1,9 milhões de deslocados, segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano pobre numa grave crise humanitária.