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Museu Etnográfico da Madeira já celebra a 'Festa' com duas novas exposições

Eduardo Jesus enalteceu o papel daquele museu na recolha do "legado" cultural e etnográfico, particularmente no que toca à gastronomia desta quadra natalícia

Eduardo Jesus esteve presente na inauguração das duas novas exposições do Museu Etnográfico da Madeira, alusivas ao Natal. 
Eduardo Jesus esteve presente na inauguração das duas novas exposições do Museu Etnográfico da Madeira, alusivas ao Natal. , Foto DR/SRTC

As duas exposições vão estar patentes ao público até 20 de Janeiro e são de entrada livre.

A partir de hoje, o Museu Etnográfico da Madeira, na Ribeira Brava, passa a ter patente ao público, no espaço dedicado a exposições temporárias, duas mostras alusivas ao Natal, ou à 'Festa', vocábulo regional que designa esta quadra festiva e todos os costumes que a envolvem. 

Uma delas coloca em destaque a gastronomia do tempo do Natal, na Região. 'As Iguarias d’A Festa’ remete-nos para muitas das tradições gastronómicas que são características desta altura do ano, conhecidas da generalidade dos madeirenses, mas também de algumas localidades em particular. 

A mostra resulta de um levantamento feito por Fernando Libano, que elencou não só as iguarias associadas a esta quadra, mas também o processo de confecção e os costumes e tradições a elas associadas. A função do porco e tudo o que a envolve assume um lugar de destaque, resultando daí todo um conjunto de comeres e beberes que são incontornáveis na tradição madeirense. 

Um conjunto de fotografias detalham toda a cadeia operatória de cada evento ou iguaria e a respectiva confecção. A par disso, é disponibilizado um catálogo com todas as receitas, sendo a mostra complementada com peças em barro que 'ilustram' alguns desses momentos. As peças são da autoria de três barristas regionais, um da Madeira (Francisco Teixeira) e dois do Porto Santo (José do Espírito Santo e Vasconcelos e José Vasconcelos). 

Novamente exposta ao público está a Lapinha do Caseiro. Trata-se de um dos mais célebres presépios da Região, e que se manteve durante décadas como uma das grandes atrações do Natal madeirense. 

As peças que integram esta colecção são da autoria de Francisco Ferreira, o 'Caseiro', um artista autodidacta, que nasceu na freguesia do Monte a 11 de Outubro de 1848. Era conhecido por 'Caseiro', por ter sido colono naquela freguesia, em terrenos pertencentes às religiosas do Convento de Santa Clara.

O secretário regional de Turismo e Cultura esteve presente na inauguração destas duas mostras, tendo, na ocasião, destacado o papel do Museu Etnográfico da Madeira na preservação de memórias e do "legado" como o que está expresso nas peças expostas. "Esta casa tem nos deixado uma série de ensinamentos e isso é extraordinário, pois isso transforma-nos em pessoas mais completas. Quando nós abemos o engenho que a população desta Região foi capaz para dar a volta às dificuldades e encontrar, por exemplo, no figo aquilo que a cana-de-açúcar não dava nessas zonas, mas na mesma ter, no Natal, o bolo-de-mel para servir, isto é extraordinário. Esta era uma informação que estava perdida no tempo, e que se encontra perdida no tempo para a grande maioria das pessoas", ressalvou o governante. 

Eduardo Jesus destacou o facto de, com trabalhos como o que agora são colocados à disposição do público madeirense e estrangeiro que visita este museu, tutelado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, na Ribeira Brava, conseguirmos transmitir às gerações actuais e o futuras a essência de cada prática.

Perante todas estas mais-valias, o secretário regional com a pasta da Cultura, sustentou que este trabalho de recolha "não pode parar".