Borrell manifesta preocupação sobre medidas do Governo venezuelano contra oposição
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, definiu hoje como um "sinal de esperança" o acordo subscrito pelo Governo da Venezuela e a oposição nos Barbados, mas manifestou "preocupação" pelas recentes medidas contra diversos opositores e pediu mais "democratização".
O Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa considerou que 2024 será "decisivo" para a Venezuela, quando estão previstas eleições presidenciais. E convidou todas as partes a avançarem no processo de diálogo para que o escrutínio decorra com "garantias democráticas", para o regresso do país sul-americano à cena mundial a nível político e económico.
Na sua última revisão de sanções, a UE optou por prolongar por seis meses, e não por um ano, as medidas contra dirigentes do país, uma medida "excecional e que constitui um claro sinal", segundo Borrell.
"Dissemos muitas vezes, estamos dispostos a rever as ditas sanções sempre que existem medidas objetivas que permitam avanços no processo de democratização", afirmou Josep Borrell, numa intervenção no Parlamento Europeu.
As "medidas restritivas" constituem, segundo Borrell, "um meio para fomentar uma solução", que considera existir margem para "adaptá-las às circunstâncias".
"Nessa adaptação certamente correm-se riscos, mas também existe o risco de se perderem oportunidades", assinalou.
O chefe da diplomacia europeia lamentou no entanto que o Supremo Tribunal de Justiça tenha anulado as primárias em que se impôs a opositora María Corina Machado ou as recentes ordens de prisão contra políticos opositores, sugerindo ainda o envio de uma missão de observação eleitoral da UE.
Borrell aproveitou a mesma intervenção para se referir à "escalada" entre a Venezuela e a Guiana em torno da soberania de Essequibo, receando que "ponha em risco a estabilidade da região".
O Alto Representante apelou a uma "solução pacífica e diplomática em conformidade com o Direito Internacional" e advertiu contra possíveis "ações unilaterais".
Borrell afirmou esperar que a reunião entre os líderes dos dois países, prevista para quinta-feira, permita "reduzir a tensão" e evitar "soluções pela força dos problemas políticos".
O Governo venezuelano indicou na segunda-feira que o Presidente, Nicolás Maduro, participará na quinta-feira numa reunião em São Vicente e Granadinas com o homólogo guianês, Irfaan Ali, com o objetivo de "contenção das ações" dos últimos dias.
Na última semana registou-se um aumento acentuado da tensão diplomática entre a Venezuela e a Guiana devido à disputa territorial de Essequibo, uma zona de cerca de 160.000 quilómetros quadrados rica em petróleo que pertence à Guiana e que Caracas reivindica, após a realização de um referendo não-vinculativo à população venezuelana sobre a respetiva anexação.