Futuro de biocombustíveis na UE passa pelos transportes aéreos e marítimos
Os biocombustíveis não terão grande futuro nos transportes rodoviários na União Europeia (UE), considera o Tribunal de Contas Europeu (TCE) num relatório hoje divulgado, defendendo maior aposta nos setores marítimos e aéreos.
De acordo com o relatório, a utilização de biocombustíveis -- obtidos a partir de produtos vegetais - é limitada, principalmente, por "questões de sustentabilidade, a falta de biomassa e os custos elevados".
Partindo da evidência de que no setor dos transportes rodoviários há uma aposta nos automóveis elétricos, o TCE salienta que esta, combinada com o fim anunciado dos novos automóveis a gasolina e gasóleo até 2035, "pode significar que os biocombustíveis não têm um futuro em grande escala no transporte rodoviário" da UE.
No que respeita à aviação, o TCE refere que "os biocombustíveis avançados podem ser uma boa aposta para a sua descarbonização", salientando, no entanto, a incapacidade de produção europeia para responder à meta de 6% (cerca de 2,76 milhões de toneladas de equivalente de petróleo) fixada para 2030 e que aumenta até 70% em 2050.
Nos transportes marítimos, a UE comprometeu-se este ano a uma redução faseada da intensidade carbónica em 80% até 2050, face à média de 2020, com um objetivo de 6% em 2030.
Em ambos os setores, é destacado que "foram fixados objetivos ambiciosos" para os tornar muito mais ecológicos até 2050, sem utilizar quaisquer biocombustíveis baseados em alimentos".
O TCE, na avaliação feita à UE sobre se o apoio aos biocombustíveis nos transportes é forma eficaz e sustentável, a "falta perspetiva de longo prazo".
"O futuro dos biocombustíveis é nebuloso,", referiu o membro do tribunal responsável pela auditoria, Nikolaos Milionis, em declarações à imprensa.
Millonis acrescentou que "a previsibilidade das políticas é fundamental para os investimentos privados nas novas tecnologias necessárias para a produção de biocombustíveis avançados e mais sustentáveis".
O TCE recomenda à Comissão Europeia que "proporcione mais estabilidade política, preparando uma abordagem estratégica a longo prazo, bem como melhorar as orientações e os dados" sobre os biocombustíveis.