Borrell denuncia destruição "apocalíptica" em Gaza
O chefe da diplomacia europeia denunciou hoje uma situação "apocalíptica" em Gaza, devastada por bombardeamentos israelitas, e considerou que o nível de destruição no enclave palestiniano é maior do que o da Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial.
"Infelizmente, o nível de destruição de edifícios em Gaza é mais ou menos, até mesmo superior, à destruição nas cidades alemãs durante a Segunda Guerra Mundial", disse Josep Borrell, em conferência de imprensa após uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Bruxelas.
O Alto-representante da UE para os Negócios Estrangeiros descreveu uma situação "apocalíptica" na Faixa de Gaza, que todos os dias nos últimos dois meses, exceto durante a recente trégua de seis dias, tem sido bombardeada pelas tropas israelitas, numa retaliação de Telavive depois de um ataque do movimento islamista palestiniano Hamas de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948.
Israel está a ser pressionado para um cessar-fogo pela generalidade da comunidade internacional, por causa do nível de devastação em Gaza. Em pouco mais de dois meses morreram em Gaza mais de 18 mil pessoas, de acordo com as autoridades palestinianas, a maioria civis, mas também trabalhadores das Nações Unidas e jornalistas.
Para Josep Borrell, a situação em Gaza é um "desafio sem precedentes".
Durante a reunião de hoje, segundo revelou Borrell, os 27 Estados-membros não apresentaram objeções à aplicação de sanções contra elementos do Hamas e possíveis financiadores do movimento islamista palestiniano. A proposta foi apresentada pela Alemanha, França e Itália.
Mas também houve países, como a Bélgica, a apresentar uma proposta dirigida a interesses israelitas. Em simultâneo com os bombardeamentos em Gaza, na Cisjordânia ocupada aumentou a onda de violência de colonos israelitas contra palestinianos, que acabam expulsos de casa e até mesmo mortos.
Por isso, há Estados-membros a propor sanções contra colonos israelitas, mas "não houve unanimidade" nesta matéria, indicou Josep Borrell, anunciando ainda que vai apresentar uma proposta nesse sentido.