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Grande Oriente Lusitano aprova entrada de mulheres na organização

Foto Leonardo Negrão / Global Imagen
Foto Leonardo Negrão / Global Imagen

A maioria das lojas do Grande Oriente Lusitano (GOL) aprovou a entrada de mulheres e agora caberá ao parlamento maçónico (Grande Dieta) decidir o modo como esse processo se irá realizar, anunciou hoje o grão-mestre da organização.

Em entrevista à agência Lusa, Fernando Cabecinha explicou que, nos últimos meses, as 103 lojas que compõem a obediência maçónica mais antiga de Portugal foram ouvidas sobre a iniciação de mulheres e a maioria aprovou a sua entrada.

"Posso dizer que neste momento há uma vontade maioritária do povo maçónico no sentido de que o GOL seja uma obediência" onde trabalham "lojas masculinas, femininas ou mistas", afirmou Fernando Cabecinha, reconhecendo que a "questão da iniciação das mulheres ao Grande Oriente Lusitano é um processo muito delicado" porque exige vários procedimentos e pode obrigar à alteração da constituição maçónica.

O tema foi trazido pelo grão-mestre, que tomou posse há dois anos, respondendo a uma discussão interna, com vários elementos a reclamarem a modernização da organização.

Trata-se de "uma decisão que competiria ao povo maçónico: ele foi ouvido no âmbito das lojas e agora vai ser ouvido na Grande Dieta, que é uma espécie de parlamento que nós aqui temos", com uma média de dois representantes por loja.

Agora, disse Fernando Cabecinha, "caberá a esse órgão (...) definir qual é o caminho, quando, como e em que condições esse processo se deverá desenvolver".

O grão-mestre ficaria agradado se o processo ficasse concluído antes do final do seu mandato: "Eu gostaria que sim, mas não está nas minhas mãos".

A "única coisa que eu disse ao povo maçónico é que seja qual for a decisão que a Grande Dieta venha a tomar, desde que seja de forma inequívoca, eu a ratificarei", acrescentou.

Um dos pontos de honra do grão-mestre é não entrar em choque com a maçonaria feminina portuguesa, quando o GOL começar a aceitar mulheres no seu seio. "Temos um tratado [de amizade] que vamos cumprir na íntegra", mas "não há competitividade nem há competição entre as obediências" maçónicas.

Defender democracia contra populistas antidemocratas

grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) considera que elementos ligados a movimentos populistas antidemocráticos não se iriam sentir bem na maçonaria, que quer ajudar a defender a democracia contra estes ataques.

"Tem havido um ataque às instituições democráticas em geral e nós temos essa obrigação de estarmos atentos e atuantes relativamente ao que consideramos injustiças, a tudo o que consideramos desigualdades, porque o ser humano deve ser tratado como igual, com todos os direitos que dizem respeito a uma sociedade democrática", afirmou Fernando Cabecinha.

Hoje em dia, "sente-se cada vez mais um divórcio entre eleitos e eleitores, daí o crescimento de forças antidemocráticas", acrescentou o grão-mestre, que inicia hoje o terceiro ano do seu mandato à frente da obediência maçónica mais antiga de Portugal.

Sobre a presença de elementos ligados a movimentos populistas ou antidemocráticos na organização, o grão-mestre considera que a maçonaria não é um espaço acolhedor para quem é intolerante.

"Essas pessoas não sentiriam bem aqui, numa casa onde o livre-pensamento integra, uma casa onde as liberdades em que respeito pelo outro é a base fundamental, onde se discutem ideias completamente diferentes", explicou o dirigente, que critica a degradação ética do espaço público e da política.

"O sentido ético da vida leva a que os eleitos tenham que ter o maior cuidado para não defraudar as expectativas dos eleitores. Eles foram eleitos para servir o bem comum, foram eleitos para servir os cidadãos, foram eleitos para procurar promover o bem estar desses cidadãos", avisou.