Transformação digital das empresas deve servir para "deslumbrar pessoas"
Três reflexões sobre os impactos da Inteligência Artificial nas agências de viagens animaram manhã do segundo dia do 48.º Congresso da APAVT
A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) trouxe para o 48.º congresso nacional a convicção que “o desenvolvimento de sistemas inteligentes no dia a dia das nossas vidas e na nossa actividade, constituem, inquestionavelmente, desafios e oportunidades que vão revolucionar a maneira como trabalhamos, vivemos e nos relacionamos".
O impacto da Inteligência Artificial no sector é assim para a APAVT uma questão essencial que esteve em destaque no segundo dia do evento que se realiza desde ontem, no Porto, com atenções centradas no académico e empresário, Paulo Amaral que ao abordar as principais alterações estratégicas nas agências de viagens impostas pela IA exortou os agentes a uma mudança de paradigma.
Paulo Amaral entende que a Inteligência Artificial pode ser cúmplice e ajuda elementar na nova vida das empresas. "Ela dá-nos acesso a informação não estruturada que antes não estava disponível", refere, apelando a que cada um faça uma opção diferenciadora na sua utilização, sob pena de todos andarem a fazer o mesmo. "O que é abundante perde valor", sublinha.
Entende que importa haver estratégia para que uns façam aquilo que outros não têm, exercitando por exemplo relações de confiança, mesmo que recorrendo à tecnologia. Isto porque o consumidor hoje bem mais informado "tem que ficar encantado" com a uma proposta de valor dos agentes de viagens, mas que seja completa e única.
Defende que a tecnologia tem que ser integrada nas propostas de valor das agências de viagens, o que implica transformação digital das empresas do sector, de modo a melhor servir o consumidor final. "Não se deslumbrem com a tecnologia. Deslumbrem as pessoas e assim o sucesso estará garantido", sublinhou.
Coube ao professor catedrático do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira, “uma sumidade no tema”, a explicar “afinal o que é isto da IA” decompondo-a em três vertentes: a analítica, a automação e a inteligência artificial geral, e chamando a atenção para a dimensão da aprendizagem automática e as nuances de mecanismos e ferramentas como o ChatGPT, que "são muto bons a inventar", de preferência "coisas plausíveis".
Por seu lado o Head of Industry na Google Portugal, Frederico Costa, deu a conhecer as ferramentas que a Google coloca à disposição dos empresários que precisam de ajuda, como Google Trends e Destination Insights. Aliás, é com base nas mesmas que conclui que "as pesquisas dos portugueses para viagens para fora de Portugal está a crescer mais do que para as viagens domésticas" e que num inquérito feito, ao qual responderam 2.800 consumidores que habitualmente viajam, 38% recorrem a agências de viagens.