Estamos quase a encerrar mais um ano nas nossas vidas. Este tem sido um ano quase alucinante em termos de acontecimentos, a todos os níveis.

São as guerras, novas e “velhas”, que matam todos os dias pessoas inocentes de todas as idades, incluindo crianças e bebés, e as organizações internacionais de defesa da paz e da concórdia entre os povos, como a ONU, mostram-se impotentes para pôr termo a elas, ou mesmo conseguir planos de paz duradouros, colocando em causa o seu papel na ordem mundial.

São os resultados eleitorais, de alguns Países, que estão a regredir nos direitos humanos, com o crescimento da extrema direita, xenófoba e racista, que está a colocar em causa valores humanistas e a organização social das sociedades, que foram conquistados com muita luta e negociações, entre todos os seus intervenientes, no sentido de uma evolução que tem ido de encontro a muitas reivindicações progressistas que têm permitindo o avanço e progresso das sociedades com políticas de integração de toda a gente.

É o nosso País onde a maioria, dos Portugueses votantes, deu uma maioria absoluta a um só partido, o PS, que não soube aproveitar tamanho poder para resolver os principais problemas que afligem muitas camadas de trabalhadores da nossa sociedade, particularmente da classe média, que está cada vez mais pobre, e perdeu-se nos corredores do poder sem ouvir o povo que nas ruas todos os dias lhes chamava a atenção para o que tinha que ser resolvido. Nunca vi um partido e um governo tão autista (peço desculpa a quem sofre desta doença), tão cego e surdo ao pulsar da sociedade, cada vez mais revoltada. Quando via o Primeiro Ministro brincar e sorrir com os manifestantes sempre pensava que o homem não estava bem de saúde, ou então tinha um sentido de humor trágico.

O Presidente da República, tão célere e repentino nas críticas e elogios, lá foi colaborando, dando uma no cravo e outra na ferradura, e quando de repente o Primeiro Ministro pede a demissão, devido a um parágrafo de um comunicado de uma Senhora Procuradora da Justiça, onde dizia que o mesmo estava sobre investigação, devido a um caso em que constavam outros autores próximos do seu gabinete, o Presidente, mesmo contra a maioria do seu Conselho de Estado, convoca eleições antecipadas, mas deixando o governo em funções até a aprovação do orçamento, também para dar tempo ao PS se reorganizar e eleger um substituto de A. Costa. Tudo muito devagarinho para que alguns outros também possam fazer campanha por mais tempo.

Concordo com as eleições antecipadas porque este governo estava a pedi-las, mesmo. Agora, se calhar, alguns conflitos vão ser resolvidos e outros amenizados. Temo, no entanto, que o resultado destas eleições não venha resolver nada, ou venha até agravar a situação se o descontentamento se virar para o lado errado, como tem acontecido em outros Países. Aí sabemos a quem apontar o dedo, mas de pouco vai servir. Temo ainda mais que, no ano em que vamos comemorar 50 anos do 25 de Abril, o nosso país tenha um Parlamento contra a liberdade que nos é tão querida.

Apelo mesmo, neste final de ano, que as Pessoas façam uma reflexão da importância que Abril teve nas nossas vidas e não deixem que o mesmo seja enxovalhado. Precisamos de cuidar do que foi tão difícil alcançar e honrar tantas memórias dos que já partiram e foram essenciais para que hoje sejamos seres livres, mesmo com os problemas que todos os dias temos que enfrentar. Não existem sociedades puras, mas queremos que a nossa continue a ser livre e democrática, onde todos temos o direito à liberdade de expressão, assim como de lutar e reivindicar, quando assim achemos que é necessário.

Desejo a todas as Pessoas que costumam ler os meus artigos, e que, de diferentes formas, me têm manifestado o seu apoio, que tenham umas Festas Felizes e vivam o Presente da melhor forma possível. Não vale a pena adiar nada para depois, porque o depois já não é para quem me está a ler agora. A todas as pessoas desejo que realizem os seus sonhos e sejam felizes.