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Boa Noite

Não se deixe anestesiar

O Dr. Eugénio Mendonça não quer jornalistas a dar opiniões. Tenha paciência. Hoje até tem direito a um bónus e cinco perguntas de algibeira

Boa noite!

Jornalista que se preze não se fica, nem se deixa anestesiar. Por isso, não só repudiamos as tentativas de limitar a nossa liberdade de expressão, como é nossa obrigação divulgar as ofensas aos direitos consagrados.

Vem esta prosa a propósito dos reparos feitos pelo Dr. Eugénio Mendonça, ontem, na TSF, em relação ao Director do DIÁRIO, por alegadamente ter vendido uma opinião com base na bilhardice madeirense. Proponho que ouçam um excerto da longa conversa radiofónica entre o colaborador radiofónico Fernando Rodrigues e o ilustre convidado no âmbito do programa ‘Bola no ar’.

Eugénio Mendonça critica jornalista.mp3
Não quero jornalista a dar opiniões. Quero jornalista que escreva e que dê notícia…Isso é para os comentadeiros das televisões…Se dá uma opinião, tem que ser consistente”. Eugénio Mendonça, vice-presidente do Marítimo demissionário

Proponho agora que ouçam o que eu disse no programa ‘Dossier de Imprensa’, de 27 de Outubro, programa para o qual sou convidado não para dar notícias, mas para partilhar a minha opinião na qualidade de jornalista sobre temas da actualidade escolhidos pela RTP-M.

Dossier de Imprensa.mp4
Pensem bem na evolução que o futebol profissional está a ter. Vamos ser sérios. Não basta o carinho e o amor dos adeptos e sócios. Isso não dá para formar um plantel. Sobretudo quando não se cobram entradas nos estádios, se dão outras borlas e quando não se tem esta visão de que para lutar por uma divisão principal ou por lugares europeus é preciso ter bem mais do que 10 milhões de euros”. Ricardo Miguel Oliveira, jornalista

Ouvidas as partes, fica claro que o tom enraivecido contra quem tem liberdade para pensar e dar opinião, ira capaz de estremecer a telefonia, não desculpa a “asneira”.

O Dr. Eugénio Mendonça, talvez por ser anestesista, julga que andamos todos a dormir e que ao acordar nos entretemos com os desvarios dos tipos que mandaram o Marítimo para a segunda divisão, faliram a SAD, fizeram telenovelas semanais dentro da direcção, e não contentes com tanto(de)feito, disparam agora em todas as direcções, fingindo que os culpados são sempre os outros enquanto ensaiam o reles papel de vítimas!!!

O Dr. Eugénio Mendonça, talvez por ser dirigente demissionário verde-rubro, julga que na tentativa desesperada de sacudir a água do capote, escapa ao veredicto dos sócios, aos eventuais processos judiciais e à crítica dos jornalistas que estão devidamente habilitados a fazê-lo.

O Dr. Eugénio Mendonça, talvez por ser comentador com manifesto défice auditivo, colocou na minha boca percentagens que nunca usei e não detectou o preciosismo que me levou a generalizar procedimentos que não são exclusivos do Marítimo. Contudo, confirmou que de facto há borlas, resultantes de uma alegada “estratégia” por si montada, assente na distribuição de mil bilhetes pelas escolas e numa série de regras que permitiram que as receitas de bilheteira crescessem 36%, atingindo uns míseros 300 mil euros. Se os  900 mil euros do Governo são para si “irrisórios” é com tamanho valor que o Marítimo se vai salvar?

O Dr. Eugénio Mendonça, talvez por deformação profissional, julga que tem o exclusivo da opinião. Engana-se, mas não será de mim que ouvirá que devia poupar-se ao ridículo e limitar-se aos hospitais, onde de facto faz a diferença, pois o seu trabalho como gestor de marketing, tickets & sales é o que se vê, agora nas contas verde-rubras, e antes, noutras entidades.

O Dr. Eugénio Mendonça, talvez por conviver mal com a crítica, decreta censura prévia. Primeiro, não quer jornalistas a dar opiniões, mas porventura arrependido do atrevimento irracional, admite que se o fizer deve ser consistente, ou seja, preferencialmente do seu agrado, bem ao jeito do que gostam de ouvir outros democratas desta terra. Mesmo não sendo professor, nem percebendo do assunto, devia saber que constituem direitos fundamentais dos jornalistas, a liberdade de expressão e de criação, que não está sujeita a impedimentos ou discriminações, nem subordinada a qualquer tipo ou forma de censura. Devia saber que os jornalistas não podem ser constrangidos a exprimir ou subscrever opiniões nem a abster-se de o fazer. Devia saber que nos cabe exercer a respectiva actividade com respeito pela ética profissional, informando com rigor e isenção, rejeitando o sensacionalismo e demarcando claramente os factos da opinião. Devia saber que jornalista deve relatar factos e interpretá-los com honestidade, pugnando para que a distinção entre notícia e opinião fique bem clara aos olhos do público. Ou seja, devia saber, mas finge desconhecer o estatuto do jornalista e o código deontológico.

O Dr. Eugénio Mendonça terá dito em hora e meia de delírios radiofónicos que a comunicação social na Região é fraca. Explique-se, apontando casos concretos, e já agora, em vez de divagar, responda a cinco perguntas de algibeira:

. Qual a gravidade dos actos praticados pela direcção presidida por Rui Fontes que motivou a demissão dos quatro dos elementos da sua estrutura?

. Qual o grau de cumplicidade  dos elementos demissionários, e recandidatos numa nova lista encabeçada por Carlos Batista, com eventuais actos reprováveis do presidente do Marítimo?

. Sendo o Marítimo uma instituição de utilidade pública têm os seus dirigentes demissionários consciência da equiparação com a função pública em matéria criminal?

. Apresentou participação ao Ministério Público para investigar o que se passa no Marítimo?

. Sendo especialista em contas tem noção a que distância está o Marítimo dos orçamentos, vendas de bilheteira e receitas de marketing dos cinco grandes do futebol nacional?

Não me cabe a mim alimentar fanatismos, até porque não vou a votos, não sou sócio de clubes, nem tenho acções em sociedades desportivas. Só sei que o manifesto desagrado dos maritimistas cinge-se apenas a quem tem responsabilidades executivas pelo facto do seu clube de coração estar onde está. Para que conste, para a história fica uma DIREÇÃO composta por:

Presidente da Direção: Rui Emanuel Baptista Fontes

Vice-Presidente da Direção: Carlos António Freitas Batista

Vice-Presidente da Direção: Eugénio Castro Mendonça

Vogal Efectivo da Direção: Marco Alexandre Ribeiro Pereira Fernandes

Vogal Suplente da Direção: João Nuno Nunes de Aguiar