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Crónicas

Dilema PPD/PSD

A culpa dos sucessivos desaires dos laranjas é muito atribuível à falta de liderança

O Partido Social Democrata, no continente, parece teimar em não encontrar a fórmula que o faça regressar ao poder. São já largos anos fora da esfera de decisão a que os laranjas se habituaram, sobretudo entre os anos 80 e 90 nos governos de Cavaco Silva, altura em que atingiram o seu apogeu. A partir daí foram dividindo com o Partido Socialista, eleições e lugares, com Durão Barroso, Pedro Passos Coelho e num breve momento, Santana Lopes. No entanto, nos últimos anos, erros sucessivos, o desaparecimento de algumas das figuras mais proeminentes que não foram devidamente renovadas com novos valores e um António Costa que soube encontrar o caminho do sucesso, com “esmolas” para os pobres e medidas isoladas para reformados e funcionários públicos verem, deixaram o partido da setinha entregue a um período prolongado de seca.

Na verdade, depois de José Sócrates ter deixado o país a uma Troika que nos obrigou a apertar o cinto, o que se seguiu, ficou (mesmo que injustamente), intrinsecamente ligado, a quem posteriormente veio para resolver o problema, deixando no PSD um selo de políticas austeras, de diminuição de qualidade de vida e de perda de rendimentos, o que, para quem vive com dificuldades, significa um tempo de sofrimento o que dificilmente se quererá recordar quanto mais voltar. Tem sido aliás essa a tónica do Portugal que se seguiu ao 25 de Abril. Os socialistas gastam e os sociais democratas aparecem para tapar o buraco. As pessoas sentem na pele essas restrições e voltam a votar em quem gasta porque lhes devolve dinheiro no bolso. Acho que a boa gestão estará no meio de tudo isso, sem que uns sejam obrigatoriamente sempre maus e outros os bons. O que é facto é que Costa é um político hábil, que é melhor a ganhar eleições (aprendeu com os erros da primeira) do que a governar o país e com uma oposição fraca, isso basta-lhe. Aquilo que fez a António José Seguro na altura, era um prenúncio que afirmava de forma cristalina ao que vinha.

Mas a culpa dos sucessivos desaires dos laranjas é muito atribuível à falta de liderança e de nomes credíveis que têm passado pelos seus quadros. Rui Rio e o seu posicionamento ao centro, revelaram-se um autêntico desastre, com proporções que se vão propagando no tempo. Nomes fortes do partido afastados das listas por mera intriga político partidária quando deveriam ser sempre os melhores a serem escolhidos e não por mera pertença a qualquer uma facção, deram palco à mais que provável pior bancada parlamentar de sempre. Seguiu-se Luís Montenegro mas as sondagens demonstram que o problema continua lá. Não há ninguém que cative as massas e que se destaque pela sua postura e pela sua afirmação através das ideias e da atração de pessoas de peso, da sociedade civil. O partido parece cada vez mais acantonado na mediocridade e entregue a um espaço que parece estreitar entre o Chega e a Iniciativa Liberal.

São por isso muito mais do que umas meras eleições, as próximas Europeias. É uma prova dos nove para esta liderança. Lá ao fundo espreita Carlos Moedas, que mal ou bem tem-se conseguido afirmar em Lisboa mas parece estar ainda para ficar. Resta o nome por que todos anseiam e esperam. O Dom Sebastião da direita e o único capaz de federar a mesma. Falo evidentemente de Pedro Passos Coelho. Talvez o último grande estadista da era moderna, figura consensual no partido mas menos a nível nacional muito à conta da tal recordação da Troika. Pessoa de amplos valores e de uma ética inatacável que pecou muitas vezes por não conseguir afirmar uma mensagem mais positiva para a população, optando pela verdade que tantas vezes desanima e custa a ouvir. Na China este é o ano do Coelho e por cá, quando será?

P.S. Enquanto isso Pedro Nuno Santos espreita. Voltarei ao tema em breve.