Dosear as atividades extracurriculares
O ano letivo começou um pouco mais do que um mês e já há alunos inscritos em demasiadas atividades extracurriculares. De segunda-feira a sábado, o horário semanal já se encontra completamente cheio, tal como a agenda dos adultos. Isto faz-nos refletir acerca da gestão do tempo entre a frequência das atividades extracurriculares e o tempo destinado às brincadeiras e aos momentos lúdicos.
As atividades extracurriculares são fundamentais para o desenvolvimento infantil tendo inúmeras vantagens nas capacidades cognitivas, físicas, emocionais e psicológicas das crianças. No entanto muitos pais optam por aquelas que consideram as mais relevantes para a criança, de modo a possibilitar uma formação integral do seu educando. Frequentar esse tipo de atividades ajuda grandemente nas relações sociais com os seus pares, podendo ter grandes repercussões no desempenho escolar.
Sabemos que a infância é a fase da vida mais indicada para o desenvolvimento das capacidades cognitivas, por isso é importante selecionar bem as atividades extracurriculares com maior impacto na motivação e interesse das crianças.
Apesar da panóplia de benefícios que advém ao frequentar as atividades extracurriculares, é importante perceber que tudo na vida deve ser feito de modo doseado. Muitas vezes sobrecarregam-se as crianças com muitas atividades fora do currículo escolar, restando um escasso tempo para brincarem ao ar livre e até mesmo para descansar. Ao haver essa sobrecarga com um vasto número de atividades na vida das crianças, incorre-se o risco de desencadear problemas adversos, tais como: a falta de interesse pela escola e pelas aprendizagens. Paralelamente a isto assiste-se a um maior cansaço físico e psicológico da criança, desencadeando uma maior sonolência durante as aulas, ou então brincadeiras nos momentos de trabalho. Para além disso, a atenção/ concentração e o rendimento escolar ficam fortemente comprometidos e a irritabilidade anda no auge.
Logo todos os momentos lúdicos sem uma estruturação organizada e rígida são cruciais para o desenvolvimento infantil das crianças, uma vez que possibilitam o desenvolvimento da imaginação, da criatividade e um maior relaxamento e tranquilidade. Como tal, torna-se fulcral organizar a rotina diária estabelecendo uma articulação entre estes dois momentos: atividades extracurriculares e atividades de brincadeiras. Por isso, essas atividades devem ser selecionadas tendo em conta as preferências, os interesses das crianças, como também a agenda dos pais. Também devem ser prazerosas e servir de estimulação às diversas áreas de desenvolvimento. No entanto, é premente respeitar os ritmos de cada criança, de modo que se entenda que atividades extracurriculares poderão frequentar, evitando o cansaço extremo e a falta de energia e vitalidade. Dessa forma poderemos extrair um maior proveito e rendimento de cada criança.
Assim sendo é imprescindível priorizar as atividades, pois as competências não são desenvolvidas durante o mesmo período de tempo. Há alturas mais adequadas para que essas aprendizagens se procedam de modo mais gradativo.
Como sabemos as crianças são diferentes no seu modo de aprender, na sua personalidade, nos seus gostos e preferências logo as atividades extracurriculares também devem ser diferentes dos seus pares, de acordo com as idiossincrasias individuais.
Quando uma criança é introvertida deve frequentar atividades que possibilitem uma maior abertura da sua parte de modo que vá se desinibindo, como por exemplo atividades teatrais, de dança ou de canto (grupo coral). Se a criança tiver dificuldades na interação social é fundamental que seja estimulada para a prática de desportos em equipa, onde se destacam: o futebol, o andebol, o voleibol. Apostar em atividades em grupo, como por exemplo pertencer a um grupo de escuteiros é também uma alterativa para estas crianças, visto que através destas atividades grupais, as dificuldades de socialização e as relações interpessoais poderão ser minimizadas. Para as crianças mais tensas e com maior nervosismo o tipo de atividades extracurriculares a escolher já difere, pelo que é crucial apostar naquelas que permitem o desenvolvimento da concentração, tal é o exemplo do karaté, do judo, da natação,… E quando uma criança apresenta um ritmo de trabalho mais moroso na escola, podem ser selecionadas atividades que impliquem o desenvolvimento da motricidade e das expressões artísticas, tal como a pintura, a patinagem, o ténis, o badminton…
Assim sendo, há que adequar o tipo de atividade à personalidade e às peculiaridades de cada criança, doseando bem o número de atividades, tendo em conta a carga semanal.
Moderação é palavra de ordem para que tenhamos crianças felizes!
Dosear as atividades extracurriculares é urgente!