Madeira e Cabo Verde unidas no encerramento de 'Mesclarte'
Foi em ambiente de festa que terminou a edição deste ano do 'Mesclarte', uma plataforma de intervenção das indústrias criativas que tem a Madeira como foco difusor.
Ao DIÁRIO, Sérgio Nóbrega, mentor deste encontro anual, mostrou-se satisfeito com a troca de experiências proporcionadas, apontando para um "balanço extremamente positivo".
Realçando os contactos que se estabelecem no evento, abrindo portas para parcerias futuras, o responsável nota os 10 anos do evento que tem na cultura e na arte um elo de ligação entre diferentes realidades, por vezes díspares, mas que se complementam e se misturam.
Este ano, Cabo Verde esteve no centro das atenções. Depois de uma jornada intensa de trabalho que ontem juntou diferentes figuras ligadas ao meio; hoje, a Fortaleza de São Tiago 'abriu' as portas a momentos de 'networking', com workshops, palestras e música.
Durante a manhã, a Academia Bruna Machado orientou os workshops 'Desbloqueia-te'. Já durante a tarde a cultura de Cabo Verde este em destaque, com uma palestra do historiador Rui Carita, que apontou, precisamente, para a ligação entre as duas regiões ao longo do tempo, tendo sido precededido de uma apresentação do arqueólogo Daniel Sousa, sobre os trabalhos desenvolvidos no Forte de São Filipe, na zona do Pelourinho, na baixa da cidade do Funchal.
Os trabalhos contaram com um momento protocolar, onde a cônsul honorária de Cabo Verde na Madeira, Susana Gramilho, teve oportunidade de dar a conhecer os planos que tem para difundir a cultura e a economia cabo-verdiana na Região, passando a contar, a partir de agora, com um espaço físico para o consulado, localizado junto às Arcadas de São Francisco. Aquela representante espera promover e elevar a interculturalidade destes dois arquipélagos atlânticos.
Presente na cerimónia esteve o ministro das Comunidades da República de Cabo Verde, que além de enaltecer a predisposição da cônsul honorária, apontou alguns aspectos que pretende ver desenvolvidos nas relações de Cabo Verde com a Madeira. Jorge Santos notou as semelhanças entre os dois arquipélagos e destacou o histórico das relações que tem originado uma miscigenação familiar e da cultura, não esquecendo as fortes ligações de ordem económica que ainda hoje se mantêm e têm vindo a ser cimentadas.
O governante cabo-verdiano não deixou de apontar o interesse no estreitar destas relações, apontando, sobretudo, para a mais-valia de melhores ligações aéreas e marítimas, no que diz ser o "grande desafio da conectividade" na Macaronésia, aspecto em que colocará um grande foco no futuro. João Santos aproveitou, ainda, a ocasião para falar na necessidade de convergência na qualidade do turismo das duas regiões, dando conta da vontade de Cabo Verde duplicar o número de turistas até 2025, sendo que este ano será alcançado o recorde de 1 milhão de visitantes.
No final, o artista de Cabo Verde, Jon Luz, acompanhado pelo músico madeirense Vítor Abreu, interpretou algum dos seus temas, havendo, ainda, espaço para desafiar a cônsul honorária na Madeira a subir ao palco e a acompanhá-lo numa canção em crioulo. A festa da música uniu os "povos irmãos".