PAN defende pastoreio com regras para defesa da agricultura e ambiente
O PAN emitiu um comunicado onde dá conta da sua posição face ao pastoreio. O partido diz-se a favor da reintegração do pastoreio na serra, mas indica que são necessárias regras que venham a salvaguardar a agricultura e o ambiente, mas também a própria saúde dos animais.
"O PAN é um partido, ambientalista, e como tal, não só temos que garantir o bem-estar animal, como também a preservação da nossa natureza, reforçando que a nossa floresta não é só Laurissilva, e que a reintrodução destes animais, deve ser feita de forma organizada e planeada, de modo a proteger espécies endêmicas", indica o partido que, recentemente esteve nas zonas altas de Santo António para tomar contacto com esta realidade.
O partido lembra que a actividade silvopastoril está prevista no decreto legislativo regional nº35/2008, sendo permitido os animais na serra desde que com a devida licença, contudo, existem limitações e vários aspectos a considerar, "que têm sido reivindicados pelos próprios pastores ao longo dos anos".
"Os incêndios que ocorreram na zona oeste da ilha trouxeram, à tona uma discussão antiga que merece, sem dúvida, ser debatida, mas não na base do aproveitamento político e do discurso populista. O PAN é a favor do pastoreio, através da utilização do gado em zonas estratégicas, desenvolvendo esforços conjuntos na criação da melhor resposta, através da revisão do Programa Regional de Ordenamento da Floresta, que se encontra a ser discutido em breve e que abrange as questões ligadas à pastorícia.", refere a deputada do PAN, Mónica Freitas
O PAN considera que o Governo Regional deve olhar com seriedade e ponderação para esta questão, "auscultando especialistas no sentido de perceber efetivamente que tipo de plantas é que este tipo de gado consome e em que fase do seu desenvolvimento e ainda se isso, a nível digestivo não tem efeitos nefastos nestes animais". "Por isso dizer que o gado na serra serve de prevenção aos incêndios é falacioso, sobretudo nesta fase, em que as serras estão cobertas de plantas infestantes, sendo necessário um investimento mais a fundo e um trabalho complementar de limpeza dessas zonas", considera o PAN.
Mónica Freitas fala ainda nos custos orçamentais, uma vez que falamos de "mais de 3 mil hectares, dos quais 2 mil são terrenos privados, e dos públicos, cerca de 80% tem uma inclinação acentuada o que dificulta os trabalhos". O partido defende ainda, a importância de perceber na prática, se o gado consome efectivamente plantas, como acácia, pinheiro e eucalipto, as três possíveis maiores causas do ganho de altura dos fogos e consequente aumento da perigosidade pela capacidade que o fogo ganha de se projectar para distâncias maiores.
O PAN considera que o projecto de lei do Partido Socialista, explana os direitos e deveres dos pastores, à qual o PAN está de acordo, contudo, "tem um carácter generalista quanto ao pastoreio, afirmando ainda na sua proposta que os terrenos devem garantir as necessidades alimentícias do gado, mas não menciona a protecção da floresta nativa, sendo fundamental, proteger espécies como o til, folhado e urze, que tem um papel essencial no nosso ecossistema e que outrora eram consumidas pelo gado".