Guterres saúda libertação de dezenas de reféns e pede liberdade imediata para restantes
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, saudou hoje a libertação de dezenas de reféns detidos pelo Hamas, mas defendeu que os restantes sejam colocados em liberdade de forma "imediata e incondicional".
"Dezenas de reféns detidos pelo Hamas e outros foram libertados. Este é um começo bem-vindo. Mas, como venho dizendo desde o primeiro dia, todos os reféns devem ser libertados imediata e incondicionalmente", instou Guterres numa publicação na plataforma X (antigo Twitter).
Até que essa libertação se concretize, o líder das Nações Unidas pediu que os reféns sejam "tratados humanamente" e que possam ser visitados por funcionários do Comité Internacional da Cruz Vermelha, organização que garante proteção humanitária e assistência às vítimas de guerra e outras situações de violência.
O Exército israelita anunciou na noite de hoje a libertação de mais 14 reféns - 10 israelitas e quatro tailandeses - pelo Hamas, no âmbito do acordo entre as duas partes que hoje entrou no sexto dia e expira na quinta-feira.
De acordo com as forças israelitas (IDF, na sigla em inglês), esta informação foi transmitida pela Cruz Vermelha e os reféns estão a caminho da passagem de Rafah, seguindo da Faixa de Gaza para o Egito.
Horas antes, o Exército israelita tinha divulgado a libertação pelo Hamas de 12 reféns, referindo que dois já tinham sido transferidos para o Egito.
Além de permitir a libertação de dezenas de pessoas, quer reféns, quer prisioneiros palestinianos, o acordo entre Israel e o Hamas inclui uma trégua que tem sido utilizada para fazer entrar ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Numa reunião no Conselho de Segurança da ONU na manhã de hoje, Guterres já havia dito que o povo do Território Palestiniano Ocupado e de Israel finalmente viu um "vislumbre de esperança e de humanidade no meio de tanta escuridão", numa referência direta às tréguas em vigor, acrescentando que foi "profundamente comovente ver os civis finalmente a terem uma trégua dos bombardeamentos, as famílias reunidas e o aumento da ajuda vital".
Contudo, Guterres lamentou que o nível de ajuda aos palestinianos em Gaza continue "completamente inadequado" face às enormes necessidades que mais de dois milhões de pessoas enfrentam no enclave, denunciando a "catástrofe humanitária épica" em curso em Gaza.
Além disso, o líder da ONU denunciou, perante o Conselho de Segurança, que o número de crianças mortas pelas forças israelitas em Gaza excede o de qualquer outro conflito ou guerra registado durante o período de um ano desde que chegou a secretário-geral das Nações Unidas, em janeiro de 2017.
Num outro discurso ao Conselho, em 07 de novembro, Guterres já havia descrito Gaza como "um cemitério de crianças", levando à ira do Governo israelita, que vem pedindo o seu afastamento do cargo.
Hoje, António Guterres recordou mais uma vez que as crianças e as mulheres representam mais de dois terços das 14.000 mortes em Gaza, citando dados do Ministério da Saúde de Gaza.