"A Madeira tem excelentes programadores de eventos"
A cimeira atlântica ‘Mesclarte’23’, subordinada ao tema ‘Mesclar gente que faz acontecer’, debate as indústrias criativas
No quarto painel da cimeira atlântica Mesclarte'23, que decorre na Fortaleza de São Tiago, contou com um intenso debate centrado nas ‘Artes do Espectáculo, Animação, Programação e Produção’.
Com a participação de alguns dos mais ilustres programadores culturais regionais, como Gonçalo Camacho, responsável da SO_Prod e do Festival Summer Opening, Márcio Costa, director artístico do Casino, DJ e produtor de eventos, Nuno Barcelos, programador cultural de eventos, Rúben Silva, dirigente do Madeira Streets Art Fest, e Paulo Lima, responsável pelo Mini Eco Bar e pela agência de eventos Fresh, o diálogo abordou temas essenciais e desafiantes deste sector, tais como a redução dos horários nos espaços nocturnos e a gratuitidade dos eventos culturais.
A Madeira tem excelentes programadores de eventos, só nós sabemos como é difícil colocar um evento de pé aqui na Região. Nuno Barcelos
Nuno Barcelos começou por referir que vê o programador cultural como "um educador". Nesse sentido, Rubén Silva destacou que programar eventos na Madeira "não é o mesmo do que programar em Lisboa ou no outro canto do mundo", disse, reforçando, que se o propósito é trazer os madeirenses aos espectáulos, "a nossa visão tem que ser sempre os madeirenses".
Nesse aspecto, Paulo Lima defendeu que a Região necessita de eventos mais irreverentes, para atrair um público mais jovem. "As entidades devem continuar a apostar nos eventos que fazem a diferença. Todos somos capazes de fazer mais e melhor, mas necessitamos de ser apoiados", sublinhou o programador cultural.
Outro dos principais pontos discutidos nesta conversa centrou-se na redução dos horários que são praticados nos espaços nocturnos regionais. Sobre esta temática, Márcio Costa alertou para o facto de que "uma saída à noite não significa que seja necessariamente para beber copos", mas que é uma actividade que serve "para as pessoas socializarem, ouvir música, dançarem, entre outras coisas". Dessa forma, o produtor destacou que "os governantes precisam de entender que os espaços nocturnos também são muito importantes para a vida económica e social da Região".
A polêmica em torno da gratuitidade de eventos como uma barreira à cultura também foi dita em conta e, nesse aspecto, Gonçalo Camacho admitiu que se trata de algo que "está fortemente enraizado no povo madeirense". Por sua vez, Nuno Barcelos salientou que esta matéria tem vindo a melhorar ao longo dos anos. "É um trabalho que tem de ser constante, mas a verdade é que agora está muito melhor do que estava há 15 anos. E também é preciso referir que não podemos culpar o público, uma vez que existem muitos eventos gratuitos ao longo de todo o ano e na ilha inteira", alertou.
Ainda sobre este assunto, Paulo Lima ressaltou a necessidade de educar o público para a questão do "utilizador-pagador", como forma deste existirem eventos de maior qualidade na Região.