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Golpe Palaciano

O primeiro Ministro de Portugal, António Costa, foi vítima de um golpe palaciano promovido pelos seus próprios parceiros de Governo com a ajuda da PGR que meteu os pés pelas mãos publicando um caso que deveria ser da competência de um juiz, e pela precipitação do Presidente da República, o que me leva a concluir que Costa foi eleito, com maioria absoluta, pelo povo e foi demitido pela PGR e pelo P.R.

Este golpe ainda fará correr muita tinta e será recordado futuramente já que se aproximam tempos de instabilidade para a governação em Portugal tal como agora está a acontecer com Pedro Sánchez na vizinha Espanha que se vê obrigado a fazer coligação com partidos separatistas/ extremistas para formar Governo. Ao contrário dos partidos de direita que não se demitem haja o que houver, Costa, sendo de esquerda, usou da honestidade demitindo-se extemporaneamente só por ter conhecimento, pela Comunicação Social, que havia sido indiciado por escutas telefónicas passivas de ilícitos que nem eram seus mas, supostamente, do seu homónimo António Costa e Silva. Já muitos cidadãos estão céticos em relação ao Ministério Público que é useiro e vezeiro em levantar suspeitas com pouquíssimas consequências. Por sua vez, o Sr. Presidente da República, Marcelo de Sousa, relevando o seu estatuto de comentador televisivo voltou a falar demais e entornou o caldo ao não aceitar um governo de iniciativa presidencial com um 1.º Ministro indicado pelo PS que disponha de uma maioria parlamentar estável evitando, assim, que o país atravesse uma futura crise política.

Acredito que António Costa, com este “golpe palaciano” vai granjear mais simpatia e alavancar nova vitória para o PS uma vez que os eleitores compreenderão que foi vítima de uma cabala política, porém receio que esta trapalhada venha dar força aos partidos extremistas que irão, certamente, aproveitar-se da situação para explorar o descontentamento dos portugueses.

No meu artigo de opinião de Julho de 2022 “A maioria do Costa” já eu alertava que mesmo com uma maioria absoluta a governação de A.C. iria ser muito conturbada como veio a acontecer. Também é certo que Costa foi vítima da sua própria incúria já que se rodeou de alguns ministros que se revelaram incapazes de desempenhar os cargos para os quais foram nomeados. Depois... depois foram as greves dos médicos, dos enfermeiros, dos professores, dos oficiais de justiça culminando com este péssimo desenlace para Portugal e para os portugueses com incertezas que se prolongarão, após as legislativas de maio 2024 já que não é previsível maiorias absolutas.

Esta “operação influencer” foi espoletada por supostos casos de tráfico de influências numa rede de interesses político/ financeiros pelo que afirmo sem pejo, pela enésima vez, que o poder político está cada vez mais refém do poder económico. Depois das drásticas consequências para os portugueses e para a imagem do poder político, uma vez mais, a montanha pariu um rato em matéria de corrupção, pois ninguém ficou em prisão preventiva nem os supostos prevaricadores foram acusados de nada e assim se derrubou um Governo com maioria absoluta.

O mal está feito para gáudio dos delatores e para a má imagem da política em Portugal. E agora quem assume responsabilidade? Será a PGR ou o Sr. Presidente da República que foi lesto em anunciar a dissolução da AR baseado numa notícia da PGR mal fundamentada veiculada pela C.Social? Este acontecimento “sui géneris”, por sua vez serviu para ofuscar os casos do PR que não é impoluto e ainda tem que explicar o famoso caso dos 4 milhões de euros para as irmãs gémeas brasileiras, do desaguisado com o representante da Palestina, os quais nem se dignou esclarecer os portugueses ou ainda no famoso comentário do decote feminino, uma vez que este golpe tornou-se mais mediático e absorveu toda a atenção dos portugueses. Marcelo não tinha autoridade moral para demitir um Governo com maioria absoluta, pois, perante os casos supracitados também tem “rabos de palha”.

Agora, espero que, no futuro, os partidos da oposição, como de costume, não digam que o Governo de Costa deixou o país num pântano, pois, tomou boas medidas no combate à pobreza e exclusão social deixando um país melhor na vertente social e na dívida pública o que veio recentemente a ser confirmado pela agência europeia Moody’s ao anunciar que o “rating” de Portugal foi elevado para A3 e supera pela primeira vez a nota da Espanha. Não confiem nas promessas de Montenegro de aumentar as pensões dos idosos.

Permitam-me finalizar citando uma frase do Papa Francisco muito a propósito “O dinheiro deve servir e não governar”.