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Pelo menos 40 civis mortos em ataque fundamentalista islâmico no norte do Burkina Faso

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A ONU calculou hoje em 40 o número de civis mortos e 42 o de feridos num presumível atentado terrorista perpetrado domingo pela organização fundamentalista Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos no norte do Burkina Faso.

Em comunicado divulgado em Genebra pelo porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Seif Magango, o atentado de domingo na cidade de Djibo foi um ataque "indesculpável".

"Os responsáveis devem ser levados à justiça após investigações exaustivas, imparciais e independentes levadas a cabo pelas autoridades", afirmou, antes de exprimir o seu "horror" pelo que aconteceu no fim de semana.

"Um grande número de milicianos do JNIM [sigla em árabe de Jama'at Nasr al-Islam wal Muslimin - Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos] atacou uma base militar, casas e campos de deslocados na cidade de Djibo, onde pelo menos 40 civis foram mortos. Também incendiaram cerca de vinte lojas e três campos de deslocados", afirmou.

A este respeito, Seif Magango apelou mais uma vez ao respeito pelo direito internacional, incluindo "não atacar mais civis ou infraestruturas civis".

"O facto de visar deliberadamente civis ou pessoas que não estão diretamente envolvidas nos combates é um crime de guerra", afirmou.

Djibo situa-se próximo da chamada zona das três fronteiras entre o Níger, o Burkina Faso e o Mali, onde atuam movimentos fundamentalistas ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico.

Fonte da segurança do Burkina Faso disse que o ataque começou por volta das 15:00 locais (mesma hora em Lisboa) e foi conduzido por centenas de homens armados que tentaram em vão penetrar na base militar localizada na cidade.

A mesma fonte indicou ainda que o ataque foi levado a cabo por "várias vagas de grupos armados" durante "mais de três horas".

Na segunda-feira, "a caça aos atacantes sobreviventes levou também à neutralização de várias dezenas de outros terroristas", confirmou a mesma fonte de segurança.

O capitão Ibrahim Traoré, que realizou o seu segundo golpe de Estado em oito meses, em setembro de 2022, fez da luta contra os grupos jihadistas a sua prioridade, com cerca de 40% do país fora do controlo do exército.

Desde 2015, o Burkina Faso caiu numa espiral de violência perpetrada por movimentos fundamentalistas, que já tinha atingido os vizinhos Mali e Níger.

Mais de 17.000 civis e militares foram mortos nos últimos oito anos, dos quais mais de 6.000 desde o início de 2023, segundo a organização não-governamental Acled, que regista as vítimas de conflitos em todo o mundo.

A violência provocou também a deslocação interna de mais de dois milhões de pessoas, segundo o Conselho Nacional de Ajuda de Emergência e Reabilitação, do Burkina Faso.