Haverá engarrafamentos todos os dias na via rápida Ribeira Brava – Machico?
Hoje pela manhã, pouco passava das 8h30, o DIÁRIO, na sua plataforma on-line, noticiava a existência de trânsito congestionado na via rápida, na zona da Cancela. Um dos comentários, que a notícia suscitou, dizia que os engarrafamentos são habituais àquela hora. Será mesmo assim?
Para aferir a correcção da afirmação, fizemos um pequeno levantamento das notícias de engarrafamentos / congestionamentos ocorridos na via rápida durante o último mês e noticiados pelo DIÁRIO. O nosso levantamento centrou-se apenas no período da manhã, até às 9 horas.
Encontrámos 12 notícias. Cinco delas envolvendo abrandamentos ou até paragens de trânsito na zona da Cancela. Algumas resultaram de acidentes, mas outras deveram-se exclusivamente à intensidade do trânsito, que obrigou a abrandamentos e mesmo a paragens.
Alguns dos condutores, que diariamente usam a via rápida na zona da Cancela, à hora em análise, confirmaram-nos os constrangimentos. Nas suas percepções, em média, os contratempos relevantes afectarão três dos cinco dias úteis de cada semana. Mas, ainda no campo da percepção, serão quase diários, se forem contabilizados aqueles que só implicam abrandamento muito significativo, mas não paragem.
Na última segunda-feira, com base em dados da Direcção Regional de Estradas, o DIÁRIO noticiou que o trânsito na via rápida aumentou 9%, nos primeiros nove meses deste ano.
Tráfego na Via Rápida da Madeira aumentou 9,4% nos primeiros nove meses de 2023
Entre Janeiro e Setembro de 2023, a contagem de tráfego rodoviário aumentou 9,1% na Via Rápida e 13,1% nas Vias Expresso, face ao mesmo período de 2022, dá hoje conta a Direcção Regional de Estradas (DRE).
Como divulgado, de Janeiro a Setembro, circularam em toda a extensão da via 35.925 automóveis, em cada dia. É um recorde histórico. São mais dez mil carros do que há dez anos, quando a média diária se ficava por pouco mais de 25 mil automóveis.
O crescimento de 9%, neste ano, relativamente ao ano de 2022, já incidiu sobre uma referência que, por si, já havia crescido muito, quando comparada com o ano precedente.
De acordo com a informação disponibilizada pela Direcção Regional de Estatística, que apresenta dados para o trânsito na via rápida, relativa aos últimos 11 anos, o número de automóveis a circular diariamente naquela via registou um crescimento constante, ainda que não linear, entre 2012 e 2019.
Em 2012, circularam em média 25.566 carros por dia e em 2019 foram 30.653. Este último número constituiria o recorde até então.
No ano seguinte, o número decresceu para valores de 2012. Condicionado pelo efeito da Covid-19, o trânsito automóvel diário situou-se em 25.063 unidades. Em 2021, já com o levantamento de muitas das restrições advindas da Covid-19, o número de automóveis a circular na via rápida cresceu e situou-se m 28.902 veículos por dia.
No ano passado, 2022, o recorde diário de automóveis voltou a ser batido, com a média de 32.910 veículos. Apesar do elevado valor, no corrente ano, essa média voltou a ser superada e atinge os referidos 35.925 veículos.
Como explicou a Direcção de Estradas, destes 35.925, 34.074 são veículos ligeiros e 850 viaturas pesadas. Por isso, apesar de um pequeno aumento de veículos pesados (+2,4% face a 2022) o grande crescimento foi em veículos ligeiros (+9,5%).
Via mudou de características
No dia 2 de Novembro, o Governo Regional esteve na zona de Santa Rita para voltar a marcar o início das obras de construção de um túnel rodoviário, entre as Quebradas e o Amparo, no Funchal.
Na ocasião, o presidente Miguel Albuquerque justificou o investimento com a necessidade de resolver, por antecipação, um problema que existiria com a abertura do futuro Hospital Central da Madeira, caso não fossem já pensadas e executadas novas acessibilidades à zona. Mas há um objectivo mais alargado, que é aliviar a pressão sobre a via rápida.
“Já não está a servir como via inter-regional de ligação entre o Caniço, o Funchal e Câmara de Lobos. Neste momento, está a funcionar como via distribuidora de trânsito, dentro da própria cidade do Funchal. Com estas novas infra-estruturas, a ideia é que a via rápida volte a ter a sua função primordial de via inter-regional”, explicou o presidente do Governo Regional.
O túnel em causa deverá ser complementado com um conjunto de túneis, constituindo uma circular à cidade do Funchal, para que possa existir trânsito entre várias partes da capital, sem ser necessário recorrer à via rápida.
Está, igualmente, em projecto e/ou em execução um conjunto de intervenções nos principais nós da via rápida, que também pretendem garantir maior fluidez de trânsito nos acessos à mesma e no seu interior (circulação).
Assim e conforme explicado, os constrangimentos à circulação na via rápida Ribeira Brava – Machico, são frequentes, nas horas de maior trafego matinal, mas não acontecem todos os dias, nem mesmo se considerarmos apenas os dias úteis ou, menos ainda, se só tivermos em conta a zona da Cancela. Por isso, a afirmação do leitor, que diz serem habituais, é verdadeira.
