Ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO reúnem-se concentrados na Ucrânia e Médio Oriente
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica reúnem-se, esta terça e quarta-feira, para enviar um sinal de que a Ucrânia ainda é a prioridade, apesar de o mundo hoje apenas olhar para o Médio Oriente.
A invasão da Rússia à Ucrânia começou há mais de 640 dias e desde então a cobertura exaustiva pelos órgãos de comunicação social diminuiu. A quebra no interesse mediático do conflito é fruto de um desgaste pelo assunto, que entrou pelas casas das pessoas diariamente, durante várias horas.
Com isto em mente, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 31 países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) reúnem-se no quartel-general do bloco político-militar, em Bruxelas. O ministro dos Negócios Estrangeiros, português João Gomes Cravinho, participa na reunião.
Ontem de manhã, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acusou Moscovo de tentar destabilizar as democracias ocidentais que pertencem à Aliança Atlântica, através da chantagem energética e de ciberataques, assim como a utilização de um fluxo de migrantes para destabilizar a Finlândia, o mais recente Estado-membro da organização: "A NATO está solidária com a aliada Finlândia".
Há meses que Stoltenberg tem avisado que a Rússia quer vencer a guerra pelo cansaço, não no terreno, mas nos cofres dos países que apoiam a Ucrânia.
E descartou que a guerra esteja num impasse: a Ucrânia recuperou 50% do território que a Rússia tinha anexado, está a "provocar baixas consideráveis" a Moscovo e "prevaleceu como uma nação independente e soberana".
Apesar de não haver previsão de conclusões para esta reunião, os chefes da diplomacia da NATO querem deixar claro que, apesar de haver outras preocupações, o apoio à Ucrânia vai continuar sem hesitações.
O agravamento das tensões no Médio Oriente também vai ser discutido, mas o tópico principal é a Ucrânia, por isso, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba vai participar na primeira reunião de ministros com a pasta da diplomacia do Conselho NATO-Ucrânia, estabelecido em julho, na cimeira de Vilnius.
Persistem obtáculos à adesão da Suécia à NATO, cuja ratificação dos protocolos continua suspensa das decisões nos parlamentos da Hungria e da Turquia.
De acordo com James O'Brien, Secretário Assistente do Departamento de Estado norte-americano para os Assuntos Europeus e Euro-asiáticos, não há uma discussão interna sobre a ratificação dos protocolos de adesão suecos, pelo que "não há benefícios em adiá-la".
"Acreditamos que vai acontecer em breve, não há questões pendentes para tratar internamente", referiu durante um briefing com jornalistas.
Contudo, já em julho o próprio Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a ratificação estava para breve e Stoltenberg também o referiu em várias ocasiões, mas continua por concretizar.
E voltando ao assunto que vai justificar o encontro, o governante norte-americano acrescentou que "houve avanços relevantes da Ucrânia" no terreno e que o objetivo da NATO é fazer a Rússia perceber que cometeu um "erro estratégico" e que "não pode voltar a ameaçar a integridade territorial da Ucrânia e de outros países vizinhos".