Ministro do Qatar torna-se a primeira autoridade internacional a visitar a Faixa de Gaza
Um ministro do Qatar entrou hoje na Faixa de Gaza para analisar as necessidades prioritárias de ajuda humanitária, a primeira visita internacional de alto nível ao território palestiniano desde o início da guerra, há sete semanas.
Fontes palestinianas no Cairo confirmaram à agência noticiosa espanhola EFE que o ministro da Cooperação Internacional do Qatar, Lolwah al-Jater, e uma delegação de funcionários do país árabe terá reuniões em Gaza com funcionários do governo palestiniano e das Nações Unidas no interior do enclave, no âmbito da trégua de quatro dias estabelecida entre Israel e o grupo islamita Hamas para permitir a libertação de reféns e prisioneiros, bem como a entrada de ajuda humanitária.
A este respeito, a fonte indicou que a al-Jater vai procurar estabelecer prioridades, analisar as necessidades médicas e procurar mecanismos técnicos para aumentar o número de camiões que chegam diariamente ao território.
Até à data, nenhum alto funcionário de qualquer país ou instituição entrou no território desde que Israel iniciou a retaliação contra o enclave na sequência do ataque surpresa do Hamas, em 07 de outubro.
Vários dirigentes, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, aproximaram-se da fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, a única passagem para o enclave que não é controlada por Israel, mas permaneceram do lado egípcio da divisão.
Antes de entrar em Gaza, al-Jate teve uma reunião bilateral com o ministro da Solidariedade Social egípcio e também vice-presidente do Crescente Vermelho, Nevin al-Qabbaj, em que analisaram formas de cooperar e coordenar a entrega de mantimentos e ajuda do Qatar aos palestinianos em Gaza, segundo um comunicado das autoridades do Cairo.
Por outro lado, num vídeo publicado na rede social X (antigo Twitter), o ministro do Qatar foi visto dentro de Gaza a falar com o correspondente da al-Jazeera no Qatar, Wael Dahdouh, cuja família foi morta por bombardeamentos israelitas durante o conflito.
"Estamos muito felizes por te ver, que Alá te dê paciência e recompensa, tu dás os melhores exemplos de coragem, firmeza, paciência e fé, aprendemos contigo, que Alá te proteja", disse o ministro ao correspondente da al-Jazeera, segundo o vídeo de 30 segundos publicado por Hamza Dahdouh, operador de câmara do canal televisivo em Gaza. Há dois dias que está em vigor em Gaza uma trégua que permite a troca de reféns e prisioneiros, na sua maioria mulheres e crianças, entre Israel e os palestinianos.
As partes acordaram esta semana, sob a mediação do Qatar, Egito e Estados Unidos, trocar 50 reféns israelitas por 150 palestinianos detidos por Israel durante uma trégua de quatro dias e permitir a entrada diária de 200 camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
A pausa humanitária pode ser prolongada se o Hamas concordar em libertar pelo menos dez prisioneiros por dia em troca da libertação de um número três vezes superior de prisioneiros palestinianos.