Mais 20 reféns do Hamas e 39 prisioneiros palestinianos trocados hoje
Uma segunda troca de reféns do movimento islamita Hamas por prisioneiros palestinianos de Israel vai acontecer ainda hoje apesar de "um atraso", declarou hoje um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Qatar, país mediador do acordo.
Majed al Ansari anunciou a libertação de 13 reféns israelitas, mais sete estrangeiros, e a libertação de 39 prisioneiros palestinianos, segundo a agência EFE.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MNE) do Qatar, a segunda troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos vai ser feita depois de "ultrapassados os obstáculos" que levaram o Hamas a adiar a troca.
O braço militar do Hamas tinha anunciado hoje que iria adiar a libertação planeada de um segundo grupo de reféns detidos na Faixa de Gaza até que Israel respeitasse o acordo em vigor desde sexta-feira.
Segundo noticiou a agência noticiosa francesa AFP, as brigadas Ezzedine al-Qassam exigiam, em comunicado, "a entrada de camiões de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza" e o respeito pelos "critérios de seleção" para a libertação dos prisioneiros palestinianos.
"Depois de um atraso na implementação da libertação de prisioneiros de ambas as partes, os obstáculos foram ultrapassados através de comunicações entre o Qatar e o Egito com ambas as partes, e esta noite 39 civis palestinianos serão libertados em troca da libertação de 13 detidos israelitas de Gaza, para além de sete estrangeiros fora do quadro do acordo", escreveu o responsável do Qatar na sua conta oficial X (antigo Twitter).
Entre os libertados das prisões israelitas contam-se "33 crianças e seis mulheres", enquanto os reféns israelitas detidos pelo Hamas que serão libertados são oito crianças e cinco mulheres, para além dos sete estrangeiros, sobre os quais não deu pormenores.
Um funcionário egípcio disse ainda à agência EFE que os veículos do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) já começaram a deslocar-se para receber os reféns.
O Hamas tinha adiado a entrega de um segundo lote de reféns e acusou Israel de violar os termos do acordo a que chegaram relativamente à entrada de ajuda humanitária e à libertação dos prisioneiros palestinianos com mais antiguidade nas prisões.
Depois de várias horas de silêncio após o anúncio do Hamas, o governo israelita informou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu realizou esta tarde "uma avaliação da situação com todos os elementos de segurança para verificar se a segunda fase está a decorrer como previsto".
De acordo com os meios de comunicação social hebraicos, Israel ameaçou o grupo islamita de retomar a sua ofensiva militar em Gaza se não libertasse o segundo grupo de prisioneiros até à meia-noite.
As partes acordaram esta semana, com a mediação do Egito, do Qatar e dos EUA, trocar 50 reféns israelitas por 150 prisioneiros palestinianos durante uma trégua de quatro dias e permitir a entrada diária de 200 camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
O grupo islamita lamentou que a ajuda que chegou ao norte da Faixa tenha sido "muito inferior ao acordado", acusou Israel de não ter cumprido o critério de antiguidade ao libertar ontem os 39 prisioneiros, e de ter violado a trégua ao matar a tiro dois habitantes de Gaza que tentavam visitar as suas casas no norte do enclave durante a pausa nos combates.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza mais de 14.000 mortos, na maioria civis, e mais de 30.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais.
Segundo as Nações Unidas, a guerra já provocou 1,7 milhões de deslocados em Gaza.