Hamas recusa entregar mais reféns e acusa Telavive de desrespeitar acordo
O braço militar do Hamas anunciou hoje que irá adiar a libertação planeada para hoje de um segundo grupo de reféns detidos na Faixa de Gaza até que Israel "respeite o acordo" em vigor desde sexta-feira.
Segundo noticiou a agência noticiosa francesa AFP, as brigadas Ezzedine al-Qassam exigem em comunicado "a entrada de camiões de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza" e o respeito pelos "critérios de selecção" para a libertação dos prisioneiros palestinianos.
As autoridades israelitas disseram à AFP que os reféns raptados pelo movimento islamita ainda não foram entregues ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), responsável por entregá-los a Israel e garantiram que "Israel não violou o acordo".
Sexta-feira, no primeiro dia de tréguas na guerra entre Israel e o Hamas, um primeiro grupo de 24 reféns, incluindo 13 israelitas, foi libertado ao final da tarde, em troca da libertação de 39 palestinianos que estavam detidos por Israel, enquanto hoje surgiram dificuldades no processo.
"Depois da entrega do segundo grupo" de reféns ao CICV, o comboio foi "parado em Khan Younes", no sul da Faixa de Gaza, "e não conseguiu partir em direção a Rafah", ponto de passagem para o Egito, disse à AFP uma fonte com ligação ao Hamas.
O acordo, concluído após semanas de negociações entre Israel e o movimento islâmico palestiniano, prevê a libertação de um total de 50 reféns detidos em Gaza e de 150 palestinianos detidos em prisões israelitas, ao longo de vários dias.
Em troca, é mantida uma trégua nos combates na Faixa de Gaza e a ajuda humanitária é entregue diariamente.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza mais de 14.000 mortos, na maioria civis, e mais de 30.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais.
Segundo as Nações Unidas, a guerra já provocou 1,7 milhões de deslocados em Gaza.