A luta por serem os donos da História
Vivemos numa época de crise, mas também de extremos. Os líderes políticos e os senhores da alta finança vêem o mundo com os seus olhos e pretendem obter o máximo de seguidores para as suas causas, direcionando e influenciando as massas, de acordo com as suas crenças, com os seus interesses pessoais ou com os seus objectivos ideológicos.
O nosso passado histórico como membros de uma comunidade local, como cidadãos de um país ou como membros desta Humanidade, é esquecido ou elevado, conforme aquilo que estes líderes nos impingem como sendo a realidade da nossa História. A luta por ser dono das datas de celebração de certas festividades, numa tentativa desesperada de reescrever a História, está ao rubro, numa sociedade em que a direita deixou de ser civilizada e onde a esquerda toma contornos anticlericais, dignos de outros tempos mais revolucionários.
Nesta “terra de ninguém”, entre barricadas extremistas, vivem os moderados, que se perguntam, entre muitos outros exemplos que poderia aqui deixar, se os próprios estarão a festejar o feriado de 5 de Outubro de 1910, dia da implantação da República, ou se estarão a celebrar a assinatura do Tratado de Zamora em 5 de Outubro de 1143 que fez nascer Portugal. Estes moderados não são só do espectro político. Numa outra perspectiva, os moderados católicos também se interrogam, se estarão a festejar o 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos ou se estarão a festejar a celebridade importada dos Estados Unidos da América do Dia das Bruxas.
As redes sociais são o palco desta “guerra” entre religiões, ideologias, etc… Este revisionismo da História e dos costumes faz digladiar argumentos on-line para grande confusão das novas gerações que ensinamos nas escolas, e que no fundo ficam sem saber aquilo que verdadeiramente é prioridade na celebração dos mais importantes feitos da História nacional, assim como aquilo que está na génese e tradição do povo português em termos culturais e religiosos.
Desta forma é cada vez mais necessário um ensino imparcial da História e é cada vez mais urgente a atenção que o Governo deve dispensar à elaboração dos conteúdos dos manuais por onde aprendem as gerações futuras.
A formação de Homens e Mulheres que sejam verdadeiramente moderados e que mostrem que a “Terra de Ninguém” dos dias de hoje é o campo fértil de crescimento de uma sociedade mais tolerante e mais democrática dos dias de amanhã é realmente urgente.
Trata-se de um verdadeiro desafio das gerações mais velhas e daqueles com responsabilidades na Educação para com as nossas crianças e jovens.
Paulo Freitas do Amaral