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Pormenor do desfile dos finalistas do Liceu no ano de 2019. FOTO RUI SILVA/ASPRESS
Madeira

Chegou a época dos setimanistas na Madeira. Conheça a origem desta tradição

As cerimónias dos finalistas dos estabelecimentos de ensino secundário do Funchal arrancam amanhã, com a bênção das capas dos alunos da Escola Francisco Franco (às 15h00 na Sé) e Escola Gonçalves Zarco (às 16h00, na Igreja da Nazaré). Fora da capital, contudo, já houve finalistas nas escolas secundárias Padre Manuel Álvares (Ribeira Brava) e Escola Secundária da Calheta, ambas na passada sexta-feira. Assinalar o final do ensino secundário, que actualmente corresponde à escolaridade mínima obrigatória, é também tradição noutros pontos do país, embora na Madeira assuma uma pompa muito particular.

De facto, noutras regiões portuguesas há jantares, galas, festas e viagens a marcar o fim do 12.º ano. Por cá, contudo, manda a tradição que os estudantes vistam traje negro e capa. Ao peito, levam um pequeno laço da cor do respectivo curso. A comissão de finalistas convida uma personalidade da escola ou da sociedade para padrinho ou madrinha do grupo. Organiza-se um desfile da escola até uma igreja, onde se realiza uma cerimónia de bênção das capas. Há até uma designação regional para estes jovens. São os setimanistas, termo que ficou dos tempos em que o ensino secundário terminava no 7.º ano do Liceu (actual 11.º ano).

O cerimonial dos setimanistas na Madeira, que hoje abrange todas as escolas secundárias do arquipélago, tem as suas raízes na história do Liceu, instituição fundada em 1837 e que só a partir de 1919 receberia o nome de Jaime Moniz. Através de ofício do Ministério do Reino de 22 de Fevereiro de 1889, foi autorizado o uso facultativo do traje académico (capa e batina negras) pelos seus alunos, à semelhança do que já acontecia nos outros liceus do país. No ano lectivo de 1909-1910, surgem pela primeira vez duas matrículas de estudantes do sexo feminino. A escola funcionou em vários locais da cidade, até se mudar para o actual sítio em 1942.

Pelo menos desde o ano de 1960 que se realiza uma missa na Sé em moldes muito semelhantes ao que acontece hoje com as escolas Jaime Moniz e Francisco Franco. Os jovens estendem as suas capas no chão, por onde passa o bispo do Funchal. A cerimónia é muito concorrida, com a presença de representantes das mais importantes instituições regionais.

Até ao 25 de Abril de 1974, era para o Liceu que iam as escassas dezenas de jovens madeirenses que podiam ambicionar fazer um curso numa universidade do continente. Para que se tenha ideia, no ano lectivo 1942-1943, teve apenas 59 alunos setimanistas (a concluir o 7.º ano). No ano de 1965-1967 houve 136 setimanistas. Actualmente, todos os anos, mais de dois mil alunos concluem os seus cursos nas 15 escolas secundárias e várias escolas profissionais existentes na Região.

Programa de cerimónias de finalistas das escolas secundárias da Madeira no corrente ano:

Escola Secundária Padre Manuel Álvares (Ribeira Brava) – 17 de Novembro
Escola Secundária da Calheta – 17 de Novembro

Escola Francisco Franco - 24 de Novembro (Sé às 15h00)
Escola Gonçalves Zarco - 24 de Novembro (Igreja da Nazaré 16h00)

Escola Secundária de Santa Cruz – 25 de Novembro

Liceu Jaime Moniz - 30 de Novembro (Sé às 15h00)
Escola Secundária do Porto Moniz – 30 de Novembro

Escola da Apel - 7 de Dezembro
Escola Secundária Dr. Ângelo Augusto da Silva (Levada) - 7 de Dezembro (Sé às 15h00)
Escola Secundária Dr. Luís Maurílio da Silva Dantas (Câmara de Lobos) – 7 de Dezembro
Escola Secundária D. Lucinda Andrade (S. Vicente) – 7 de Dezembro
Escola Secundária de Machico – 7 de Dezembro

Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol – 5 de Janeiro

Escola Secundária Bispo D. Manuel Ferreira Cabral (Santana) – 23 de Fevereiro

Escola Secundária Prof. Dr. Francisco de Freitas Branco (Porto Santo) - (data não disponibilizada)