Aconselhamento político
Com a queda abrupta – mas pecando por tardia – do Governo da República, foram marcadas novas eleições e, - como não estávamos à espera – estamos impreparados para votar.
É certo que ainda faltam uns meses, mas como se metem pelo meio o Natal, o FIM DE ANO e o CARNAVAL, datas e quadras que costumamos comemorar efusivamente, não vamos ter muito tempo para pensar e repensar em quem vamos votar.
E esta eleição obriga-nos a estar devidamente preparados para não darmos o nosso precioso voto a quem não merece ou venha a não merecer.
Depois deste descalabro governamental – e de muitos outros que o antecederam – é (quase) obrigatório os eleitores procurarem dar o seu voto a um partido que esteja disposto a governar não só com competência, mas com vontade de” ajustar contas “com aqueles que até agora têm governado e levado o País mais de uma vez para a beira do abismo e que, neste momento, só dúvidas residem relativamente ao seu futuro e, consequentemente, ao futuro do seu povo, a curto, médio e longo prazo.
Porém, a escolha não é fácil.
A única informação de que dispomos, vinda de” conselheiros políticos”, alguns, cuja credibilidade é duvidosa, pelas provas dadas de falta de isenção, de competência, de seriedade e outros de apego fanático ao PODER, é de que não devemos votar no CHEGA.
Lá devem ter as suas razões e não somos nós que vamos contrariar.
O que podemos e devemos nos interrogar é de que se esse medo, quase diríamos pavor, é pelo facto desse partido vir a criar uma ditadura – no seio de uma Europa democrática, longe, por conseguinte, da Europa dos tempos salazarista -, ou se é por temerem perder os “tachos”, aos quais estão agarrados como lapas, alguns, há dezenas de anos a esta parte.
Daí o ideal seria que esses senhores “conselheiros políticos” dessem-nos - mesmo disfarçadamente que fosse – uma ideia, um aconselhamento, em quem deveríamos votar.
Não é que esperemos que surja um partido de anjos e arcanjos que forme um governo angelical, mas, no mínimo, com pessoas conscientes, desapegadas do trono, competentes, íntegras e com um estatuto moral que lhes permitisse alterar o benevolente sistema de justiça, nomeadamente para com os corruptos e praticantes de crimes graves e variados que vão desde os de sangue aos económicos… e por aí fora.
Um governo que punha cobro à pouca-vergonha que se passa na saúde, no ensino, nas negociatas onde os governos são parte integrante, nos contratos de trabalho onde deve haver maior sentido de justiça social, não havendo “filhos e enteados “ e em toda uma diversidade de atitudes, irresponsabilidades e decisões que fazem deste regime um esboço mal-amanhado de uma verdadeira democracia e socialismo.
Aliás, se assistirmos na próxima campanha eleitoral à habitual cantilena dos políticos, sem que se acrescente algo de diferente e que os oradores sejam os mesmos do costume, e, pior ainda, com” contas no cartório”, a abstenção vai subir vertiginosamente.
O eleitorado pode ter razões para pensar que votar deixou de ser um dever cívico e que as eleições estejam transformadas, pura e simplesmente,” em “oportunidades de emprego “ onde os que tiverem a sorte de se empregar têm o seu futuro garantido.
E aí muita gente não deve estar pelos ajustes e o “barco” continuará à deriva.
Juvenal Pereira