Criar (o) futuro (XXV) - Na política, não há amigos!
Nos últimos dias, retive uma frase que ouvi repetidas vezes no exercício de cargos ao longo de 23 anos, mas teimosamente recusava-me a concordar: “Na política, não há amigos”. A realidade, infelizmente, tem provado ser cada vez mais certa a frase do jornalista Victor Lasky: “Na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem”.
Há duas semanas, eis que rebenta, por surpresa, uma crise política com a demissão do primeiro-ministro português, como consequência de escutas que originaram a abertura de processos-crime relacionados com eventuais casos de corrupção associados a pessoas da sua entourage, no âmbito da transição energética de Portugal. Embora seja entendimento do respetivo juiz de instrução que “apenas” está em causa o tráfico de influências…
A história atual da política portuguesa mais parece um folhetim ao estilo das novelas mexicanas, com um twist moderno, mais light, com grande impacto nas redes sociais, o que até se coaduna com o nome da investigação do Ministério Público – Operação Influencer. Os últimos episódios remetem-nos para a importância de, nas escutas, transcrever Silva e de como isso pode influenciar a história. Ou para a (não) independência do Governador do Banco de Portugal. Ou para a clara e censurável pressão do Presidente da Assembleia da República sobre o poder judicial, esquecendo-se que tem de respeitar a separação de poderes, e que o tempo da justiça não pode estar ao serviço de timings políticos. E assim por diante…
Todos estes casos e casinhos põem em causa, de forma indelével, as instituições políticas e judiciais, e até a própria democracia.
À espera das cenas dos próximos capítulos, em que o spoiler já nos avisou da marcação de eleições antecipadas, espero que o protagonista seja Luís Montenegro, mas, para tal, tem de fugir do estereótipo dos personagens “bonzinhos” das novelas, sempre ingénuos e enganados pelos maquiavélicos vilões. Montenegro não pode deixar fugir esta oportunidade de fazer do seu/meu partido o bastião da democracia e desenvolvimento sustentável que se almejam para o país nos próximos anos. Não é suficiente “Acreditar”, é vital ter determinação e apresentar-se como uma alternativa credível e preparada.
Na atualidade, e face a esta hecatombe política, é uma oportunidade de a Direita fazer diferente, fazer melhor. Não há espaço para errar. O país está à espera de mudança, e que se resolvam bem e a bem os problemas pendentes do país, sem mais delongas. Todos sabemos os constrangimentos originados por decisões europeias, nomeadamente em termos de taxas de juro, e pelo impacto das guerras, mas não podem servir de desculpa para não agir, de forma célere e eficiente, na resolução dos dramas vividos por grande parte da população portuguesa.
A habitação, os salários dignos, os protestos de várias classes profissionais, de que são exemplo os médicos e os professores, a salvaguarda do ambiente face às alterações climáticas, entre outros, são dossiers que precisam de respostas e soluções com sustentabilidade económica e social.
Não pode haver em vários setores, muitos deles fundamentais para o futuro do país, a perpetuação da má gestão, do conformismo e da falta de estratégia e visão. Precisamos de uma solução política que cative o país de forma galvanizadora, para que 2024 não seja a repetição das últimas 8 temporadas da série PS – País (em) Suspenso.
O PPD/PSD tem de se unir, escolher os melhores, os mais competentes e preparados, escutar a sociedade civil, e ser um farol de confiança e esperança que mobilize as pessoas, que as faça acreditar que o seu voto fará sempre a diferença.
Nos próximos 4 meses, muito caminho ainda há para percorrer, mas representa também uma oportunidade soberana para mudar de política a nível nacional, uma política que seja feita em prol dos cidadãos, com o objetivo de alavancar o país, com seriedade e defesa da causa e do interesse públicos.
É tempo de recuperar a confiança dos portugueses e de concretizar a esperança de fazer de Portugal definitivamente um país de futuro.
E a voz e rosto da esperança somos todos nós, com o voto a 10 de março de 2024.
Agora, mudar Portugal é consigo!